CORONAVÍRUS E A CLASSE TRABALHADORA BRASILEIRA

Em tempos de barbárie e neoliberalismo, o Brasil e o mundo se defrontam com a mais grave crise vivida neste século: a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Isto demonstra que o sistema capitalista, que visa a acumulação do lucro e sobrepõem o capital à vida humana, está em franca decadência e pode não suportar.

Neste contexto de barbárie, até mesmo os países ultra neoliberais tem tomado medidas para fortalecer o Estado por meio dos bens públicos, deixando claro que esta é a alternativa para a humanidade em todos os contextos históricos. Isto garantiria a subsistência das pessoas pois, ao contrário, toda a humanidade estará jogada por conta própria, relegada de seus direitos humanos, sofrendo com a miséria, a pobreza, a fome, a exploração pelo trabalho (dentro e fora de casa), a ausência de saúde pública, o acesso à educação e, consequentemente, submetida ao aumento da violência.

O Brasil, frente a esta crise com o Governo Bolsonaro, comprometido com esta agenda Neoliberal de retiradas de direitos, apresenta medidas que protegem somente o grande empresariado, o grande capital, com financiamentos subsidiados e a juros zero, e esquecem mais uma vez da classe trabalhadora; pelo contrário, ataca com a tentativa de redução salarial. Em apenas um ano de gestão, retirou verbas do financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), acabou com programas de assistência básica à saúde, “desidrataram” o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e cortaram políticas de transferência de renda.

E esse desmonte do Estado, que vem acontecendo desde o golpe de 2016, tem ocasionado um eminente colapso em várias áreas sociais, dentre elas a da saúde pública em virtude de uma sequência de irresponsabilidade de Jair Bolsonaro frente à pandemia. Ele convocou e participou de uma manifestação criminosa em Brasília no último dia 15, na qual infringiu normas médicas e de saúde pública para colocar nossas vidas em risco com a potencialização da transmissão do Coronavírus. Neste ato, além da irresponsabilidade e insensatez, agiu com desdém a todas as medidas de precaução e de prevenção da transmissão adotadas por outros países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A última ação criminosa foi a Medida Provisória 927 de Bolsonaro e Guedes, que irá matar mais que o Coronavírus, pois se trata de um crime contra os trabalhadores e trabalhadoras. O objetivo é deixá-los sem salário neste momento em que a população mais precisa, ou seja, é deixar o povo morrer com o consentimento e apoio do governo. A MP, que parece mais uma piada, é uma desumanidade sem tamanho, pois determina que, nesse período, o(a) trabalhador(a) deixe de trabalhar sem recebimento do salário, mas obrigado a realizar um curso online, mesmo que não tenha dinheiro para a própria comida, quanto mais para internet.

Essa medida visa deixar a população sem as condições básica de vida, sem comida, remédio e moradia. Enquanto diversos países se dispuseram a pagar salários para evitar as demissões pelas empresas e preservar a vida da sua população, o Brasil suspende os salários e obriga o(a) trabalhador(a) a escolher entre morrer sem salário em casa ou morrer nos hospitais após adquirir o Coronavírus no trabalho, prática no mínimo cruel e covarde.

Esse momento deve servir para reflexão sobre o quão letal é este governo e para a retirada do Bolsonaro, além de lutar para a realização de novas eleições por uma questão de sobrevivência para toda a população brasileira. Este projeto genocida de Bolsonaro, de extermínio da população brasileira, não é mais aceitável.

A base de sustentação desse governo assassino são os bilionários, a burguesia, exemplo do empresário Roberto Justus, que defende a pandemia ser apenas “uma gripezinha” e que temos é que pensar na economia em primeiro lugar. Outro apoiador, a família Marinho, publicou um editorial defendendo a redução dos salários dos(as) servidores(as) públicos(as) como forma de colaborar com a crise gerada pela pandemia da Covid-19. É isso que a burguesia, os donos das maiores fortunas brasileiras, propõe: não abrir mão de nenhum centavo da sua riqueza, conquistada na exploração do nosso trabalho, mas jogar nas costas dos(as) trabalhadores(as) toda a responsabilidade da crise, confiscando seus salários e aniquilando suas vidas.

Segundo o presidente da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital), Charles Alacântara, o Brasil possui 206 bilionários que, juntos, acumulam uma fortuna de mais de R$ 1,2 trilhão. Se o país criasse um imposto de apenas 3% por ano sobre a fortuna de R$ 1,2 trilhão, seria possível arrecadar R$ 36 bilhões anuais, valor superior ao orçamento de 1 ano de todo o programa Bolsa Família.

Sabe-se que a soma de toda a riqueza das famílias brasileiras é de cerca de R$ 16 trilhões, estando a quase metade de toda essa riqueza – ou seja, R$ 8 trilhões – nas mãos de apenas 1 % das famílias. Se o país taxasse o patrimônio trilionário dessas famílias em apenas 1%, seria possível arrecadar R$ 80 bilhões. Se somarmos R$ 36 bilhões cobrados sobre a renda dos 206 bilionários com R$ 80 bilhões cobrados sobre o patrimônio do 1% das famílias mais ricas teremos R$ 116 bilhões. Esses R$ 116 bilhões a mais nos cofres públicos sequer representam sacrifício para esse punhado de bilionários, mas equivale a praticamente dobrar o orçamento federal da saúde.

Lembrando que esses 206 bilionários pagam proporcionalmente menos impostos que a classe média e os pobres, e que os donos do jornal O Globo fazem parte dos 206 bilionários e também das famílias brasileiras que detém, juntas, um patrimônio de R$ 8 trilhões. Ou seja, porque sempre vimos quem tem mais fazendo proposta para quem tem menos contribuir e se prejudicar ainda mais? Por interesse pessoal em acumular mais riqueza, poder e de deixar o povo na pobreza.

Frente a isso, existem ações de resistência da população, insatisfeita com a condução de Jair Bolsonaro perante o crescimento de casos no Brasil e também com o descaso com a saúde pública. E essa população, mesmo em quarentena, tem ido às janelas de suas casas gritar pela saída de Bolsonaro, aplaudir o SUS e os profissionais da saúde, mostrando uma rejeição crescente a esse governo assassino. Diferente dos EUA, no qual a maioria da população não possui seguro saúde e lá não há um sistema público de saúde. No Brasil, os hospitais e servidores públicos do SUS estão na linha de frente desta batalha para salvar vidas de pobres e ricos, sem distinção, e a população está percebendo isso mediante os acontecimentos.

Assim, em momentos como este, em que vivemos essa pandemia do Coronavírus, precisamos agir o mais rápido com o Fora Bolsonaro e exigirmos novas eleições, pois com esse desgoverno, o que teremos será o aumento do empobrecimento da população brasileira e seu total abandono, ficando à mercê não somente desse vírus, mas de uma política promovida de forma desumana, fascista e anti-democrática.

Basta de Bolsonaro!

 

*Gabriel Magno, professor da SEEDF e secretário de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE;

Hamilton Caiana, professor da SEEDF e diretor de Políticas Sociais do Sinpro/DF,

Leilane Costa, professora da SEEDF, diretora da Secretaria de Administração e Patrimôniodo Sinpro/DFe Secretária de Movimentos Sociais da CUT/ DF,

Ruth Brochado, professora da SEEDF e diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro/DF;

Melquisedek A. Garcia (Melq), professor da SEEDF e diretor da Secretaria de Assuntos Jurídicos, Trabalhistas e Socioeconômicosdo Sinpro/DF;

Raimundo José de Albuquerque Filho (Kamir), professor da SEEDF e diretor da Secretaria de Organização e Informática do Sinpro/DF;

Henrique Torres, Professor da SEEDF e Secretário de Meio Ambiente da CUT/DF;e

Ana Carolina Cançado Teixeira, mestre em Desenvolvimento Sustentável e assessora política do Sinpro/DF.