Copa América no Brasil é um tapa na cara do povo brasileiro

O presidente Jair Bolsonaro já mostrou inumeráveis vezes que não tem a menor preocupação com a quantidade de pessoas que vão morrer devido à sua política genocida em relação à Covid-19. Infelizmente para nós, brasileiros, isso já é uma realidade, mas pelo que parece, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, segue os mesmos passos do governo federal.

Próximo à chegada da terceira onda do novo Coronavírus, fato que pode gerar milhares de mortes nos quatro cantos do país, o GDF autorizou jogos da Copa América na capital federal. A declaração vem dois dias após Bolsonaro anunciar o Brasil como país sede da competição sul-americana de futebol, posto que nenhum outro país aceitou mediante a gravidade que isso vai causar.

A decisão, ou melhor, o disparate provocou uma série de críticas por parte de especialistas em saúde, da imprensa, de vários órgãos de saúde, inúmeros partidos políticos, autoridades e da sociedade em geral devido ao momento que país vive na briga contra a Covid-19. Hoje, o Brasil registra 465 mil mortes, o que coloca o país como o 9º com mais mortes por Covid-19, proporcionais à sua população. Em termos absolutos, o Brasil é o segundo país mais afetado do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 594 mil óbitos.

É importante salientar que Argentina e Colômbia seriam as sedes da competição, mas desistiram. A Colômbia abdicou da escolha no dia 20, devido à onda de protestos no país, e a Argentina no dia 30 de maio, em meio à piora da pandemia. Ambos os países possuem menos mortes proporcionais à população do que o Brasil. A Colômbia é o 18º do ranking e a Argentina, o 20º.

Não bastasse tudo isso, a América do Sul é a região com mais novas mortes por Covid-19 do mundo, proporcionais à população, desde o começo de março. A região também é a com mais novos casos a cada 1 milhão de habitantes desde o começo de abril. Na época, os números eram puxados pelo Brasil, que passava pelo pico da segunda onda. Mas a situação já começava a piorar no Uruguai, na Argentina e na Colômbia. Os números de novas vítimas e novos infectados da América Latina são 4 vezes maiores do que a média mundial.

O fato de Ibaneis Rocha aceitar jogos no Distrito Federal, que conta, hoje, com 8.692 mil óbitos, revela que o espírito genocida não paira apenas no Palácio do Planalto, mas, também, no Palácio do Buriti.

 

Brasil já passou por situação semelhante e recuou

Em 1918, o Brasil foi escolhido para sediar o Campeonato Sul-Americano, hoje conhecido como Copa América. Assim como hoje, o mundo passava por uma grande pandemia, que matou milhões de pessoas. Diferente do momento atual, o governo da época desistiu de sediar o evento por causa da gripe espanhola. No ano seguinte, com a pandemia controlada, os jogos aconteceram e a seleção brasileira foi campeã.

Na contramão do bom senso, da responsabilidade e do humanismo, o governo do DF abre as portas para uma competição continental que, mesmo sem público nos estádios, pode acarretar o aumento da tragédia já conhecida pelos brasileiros. A situação se complica ainda mais pelo fato de termos uma vacinação extremamente lenta, um governo inoperante no que se refere à imunização da população e regiões nas quais especialistas apontam que os casos da doença têm aumentado nas últimas semanas.

O resultado de tudo isto pode ser um título. Não de campeão da Copa América, mas do governo responsável pela maior tragédia sanitária da história da humanidade.

 
 

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