Controle da Poluição por Agrotóxicos: governo novo traz esperança

O Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos é celebrado nesta quarta-feira (11), para conscientizar sobre os riscos para a saúde e o meio-ambiente quando há o uso indiscriminado de substâncias como agroquímicos, pesticidas e praguicidas. Foi instituído no Decreto Federal de 11 de janeiro de 1990, primeira regulamentação da Lei dos Agrotóxicos.

 

Atrazina e mais mil e oitocentos

Mil oitocentos e um. Esse número é o total de substâncias agrotóxicas aprovadas para uso em lavouras brasileiras durante o governo Bolsonaro. São 1.801 formas diferentes de intoxicação e poluição introduzidas no país entre janeiro de 2019 e junho de 2022. A reportagem da Agência Pública que apurou essa informação traz uma lista de produtos com nome de remédio, como a ametrina, banida na União Europeia há 20 anos, por estar associada ao câncer de próstata e de ovários; a hexazinona, também banida há 20 anos na Europa; o  glufosinato (sal de amônio) , proibido na Europa por estar associado à desregulação endócrina, alterações genéticas e danos ao fígado. E também um produto que é praticamente o resumo do governo Bolsonaro: a atrazina. Esse produto, usado no cultivo de abacaxi, cana-de-açúcar, milho, seringueira, sisal, soja e sorgo, está banido da União Europeia desde 2004, mas aqui foi o quarto agrotóxico mais comercializado em 2020.

 

Se chama veneno é porque mata

Segundo outra reportagem da Agência Pública, durante o último governo governo de Jair Bolsonaro 14.549 pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos no Brasil: “Levantamento inédito feito pela Agência Pública e Repórter Brasil, com dados de 2019 a março de 2022 do sistema de notificações do Ministério da Saúde, mostra que essas intoxicações levaram a 439 mortes — o que equivale a um óbito a cada três dias. Nesse período, o Brasil bateu o recorde de aprovações de pesticidas, com mais de 1.800 novos registros, metade deles já proibidos na Europa. O governo de Bolsonaro também foi marcado pelo avanço na tramitação do Projeto de Lei 1459/2022, apelidado de “Pacote do Veneno”, que pode facilitar ainda mais a aprovação dessas substâncias.”

A pesquisa da Agência Pública aponta ainda que homens negros são as principais vítimas de agrotóxicos. As circunstâncias que mais levaram às intoxicações foram tentativas de suicídio [com ingestão dos venenos], com cerca de 5 mil casos, seguidas por acidentes, uso habitual dos pesticidas e contaminações ambientais, por exemplo, quando o químico é dispersado pelo ar. As intoxicações aconteceram principalmente nas lavouras de soja, fumo e milho. 

Os dados também mostram que os estados da região Sul concentraram proporcionalmente a maioria das notificações, considerando o número de habitantes. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram 4,2 mil intoxicações.

Mas o raiar do Ano Novo e de um novo governo no horizonte do Brasil trouxe um alento: a política nacional para uso de agrotóxicos será amplamente reavaliada nos próximos meses, após a desregulamentação do veneno promovida nos últimos quatro anos, segundo informações do ministro do desenvolvimento agrário, Paulo Teixeira, que disse ainda que a atuação será em conjunto entre MDA e Ministério da Agricultura.

Neste 11 de janeiro, há esperança no combate à poluição de agrotóxicos no país.

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