Concurso prometido pelo GDF não sai do papel

Os concurseiros não suportam mais a expectativa. O compromisso de um certame para a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF) anunciado durante entrevista coletiva, há três meses, pelo governador Rodrigo Rollemberg, no Palácio do Buriti, não foi concretizado até agora. Na época do anúncio, o governador afirmou que o edital, com 2,9 mil vagas de níveis médio e superior, com cargos para professores, analistas, técnicos e monitores de educação seria publicado em até 40 dias. Agora, foi dado um novo prazo para a publicação do edital: até a sexta-feira da próxima semana, véspera do Dia do Professor.
Ao Jornal de Brasília o Secretário de Estado de Educação, Julio Gregório Filho, explicou o atraso e disse que o concurso está em fase final. “Todo o processo foi encaminhado à Procuradoria (Geral do Distrito Federal) para que fosse feita a análise detalhada do certame.
Esperávamos que tudo fosse ocorrer em um prazo menor, mas acabamos sendo surpreendidos com a demora”, declarou. Segundo ele, as exigências do processo esticaram o prazo. “Há mais de dez anos a própria secretaria não é a responsável pela realização de um concurso. Tomamos todo o cuidado para que o processo não tivesse o risco de sofrer algum tipo de impugnação judicial. Antes do dia 15 (em que se comemora o Dia do Professor), tudo estará finalizado”, garantiu.
Temporários
O secretário foi questionado também sobre a Portaria nº 354, da Secretaria de Planejamento Orçamento e Gestão do DF, publicada em 22 de setembro. A portaria delegou à Secretaria de Educação competência para contratar entidade para realização de Processo Seletivo Simplificado para Contratação temporária de Professor para a Rede Pública de Ensino do DF (Professor Temporário SEDF 2016).
Julio Gregório Filho lembrou que se trata de seleções diferentes, mas afirmou que a expectativa é de que o edital também seja publicado ainda neste ano. A remuneração desses contratos é fixada em razão da hora-aula de efetivo trabalho, tendo como referência os vencimentos correspondentes aos padrões iniciais da carreira magistério, adicionados das gratificações de atividades específicas.
“Esse processo é feito mediante a aplicação de uma prova. Um banco reserva de 20 mil professores fica no sistema e, à medida em que é necessário, eles são convocados”, disse. “Esses professores são convocados para situações temporárias, como férias, licenças e atestados. Em casos efetivos de aposentadoria, falecimento ou demissão serão convocados os professores do concurso público”, declarou. De acordo com Júlio Gregório, o processo tem validade de dois anos, sem prorrogação.
Estudantes ansiosos
A estudante de Fonoaudiologia da Universidade de Brasília (UnB), Juliana Damasceno, é uma das concurseiras que aguardam o certame. Desde 2015, a jovem investe nos estudos com foco na Secretaria de Educação. “Estudo para este concurso há mais de um ano. Quero passar para o cargo de Secretária Escolar. Já fiz cursinho. Não era específico, mas focava em todas as matérias que costumam cair nos concursos. Hoje, minha rotina de estudos é em casa”, afirmou.
A estudante ressaltou ainda que diante da confirmação do concurso pelo próprio governador, a expetativa aumentou. “Fiquei ansiosa, investi e me dediquei, mas esse desrespeito com os prazos que ele (governador) mesmo informou, acaba desmotivando o aluno. Eu me sinto frustrada com a demora. Querendo ou não é investimento de tempo e dinheiro”, desabafou.
Investimento que Gisélia da Silva Pereira, 34 anos, conhece bem. Formada em Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Pedagogia, ela espera desde o último concurso para a pasta, em 2013, a oportunidade de ingressar no quadro de profissionais da educação. “Há muito tempo ouvindo falar deste concurso. Quando foi anunciado, logo no início de julho, que tinha um prazo certo para sair o edital, fiquei eufórica”, ressaltou.
Ela conta que, além do cursinho específico para o concurso, montou todo um cronograma de estudo complementar para casa de acordo com a rotina que leva por ser casada e mãe de dois filhos. “Me programei para não perder o foco do que buscava. Fiquei alguns fins de semana inteiros estudando sem ver meus filhos porque o conteúdo é extenso. A demora se torna uma tortura para quem sonha com o certame”, declarou.
Com a demora, Gisélia modificou a rotina. Mesmo sem a certeza da publicação ela afirma que não vai desistir. “Acho que hoje está mais perto do que longe de sair”, concluiu.
(do Jornal de Brasília)