Professores unem esforços e realizam greves por todo o Brasil
De norte a sul, trabalhadores em educação permanecem em greve. As paralisações atingem quase 100% das categorias, que se encontram neste momento em campanha salarial. Em comum, estão pontos como a valorização dos professores, reposição das perdas salariais, melhores condições de trabalho e o cumprimento da Lei do Piso Salarial Nacional, ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão tomada há um mês. No estado de Santa Catarina, as negociações são marcadas pelo descompromisso e desrespeito, práticas recorrentes nos governos demotucanos. Além de recusar-se a negociar com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Estadual de Santa Catarina (Sinte/SC), o governou apresentou uma Medida Provisória que achata e acaba com o plano de carreira do magistério, conquistado na década de 1980 através de uma das maiores greves no Estado.
Nesta terça-feira (24), a coordenadora Estadual do Sinte/SC, professora Alvete Bedin, esteve na sessão da Assembleia Legislativa para pedir apoio dos parlamentares no veto a MP. Cerca de 90% das escolas estão paralisadas e mais de 80% dos professores aderiram ao movimento grevista. Nas assembleias regionais realizadas também nesta terça, a categoria decidiu por unanimidade pela continuidade da greve. No estado de Alagoas o cenário não é diferente. Apesar de afirmar estar aberto a negociações, o Governo do Estado só se comunica com a classe trabalhadora através da imprensa, sempre fazendo ameaças ou desqualificando o movimento. A proposta apresentada de 5,91% de reajuste não repõe as perdas de mais de quatro anos. A campanha também denuncia o abandono das escolas, que estão cada vez mais sucateadas. Além, disso reivindica, entre outras coisas, direitos que não têm sido respeitados, como aplicação das progressões, previstas no Plano de Cargos e Carreiras. No Rio Grande do Norte, os professores deliberaram na última assembleia pela continuidade da greve. A direção do Sinte-RN (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte) participou de uma audiência com o secretário de Educação do Município nesta terça-feira (24). Vale lembrar que a solicitação para a reunião foi feita no dia 11 de abril. Ainda assim, o secretário não respondeu a nenhum dos questionamentos relacionados as reivindicações financeiras. Entre os pontos levantados estavam promoções, enquadramento, processos seletivos, licenças-prêmio e terço de férias. Quase 100% da rede de ensino público está paralisada e a greve se manterá por tempo indeterminado.
Pernambuco, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), é onde se paga o pior salário do Brasil. O Sintepe (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco) confirmou que após três rodadas de negociação, o governo detalhou suas intenções de reajuste do Piso do Magistério, que foram rebatidas pelo sindicato com outras propostas.
Uma assembleia a ser realizada nesta quarta-feira (25) vai apresentar a proposta para os trabalhadores em educação. A próxima rodada de negociação está marcada para a tarda da próxima terça-feira (31), na Secretaria de Administração, Bairro do Recife. No Amapá, o governo estadual ofereceu três reajustes de 3% até o fim do ano. Segundo o Sinsepeap (Sindicato dos Servidores Públicos em Educação do Amapá), a oferta foi rejeitada pelos professores, que exigem aumento de 16%, complementação essencial para implementação do Piso. No segundo dia de greve completados nesta terça-feira (24) os professores da rede estadual de Sergipe junto a outras categorias de servidores ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa. Na ocasião o Sintese (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe) entregou aos deputados presentes a sessão um documento solicitando o apoio dos deputados para o pagamento da revisão do Piso Salarial Nacional. De acordo com o Sintese, o magistério estadual rejeitou as propostas apresentadas pelo governo porque todas dividem a carreira. Em estado de greve desde o dia 2 de maio, os professores da rede estadual do Mato Grosso podem paralisar as atividades caso a reivindicação pelo Piso não seja atendida. Segundo informou o Sintep/MT (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso) a greve pode ser deflagrada na assembleia geral dos trabalhadores da educação, no dia 30 de maio, às 14 horas, na Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá.
Trabalhadores em educação na Paraíba também recusaram proposta feita pelo governo estadual e decidiram pela continuidade da greve geral da categoria iniciada no dia 2 de maio.
A proposta apresentanda pelo governo foi de complementar o piso salarial através da incorporação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) e da Gratificação de Estímulo à Atividade Pedagógica (GEAP). No mais, informa o Sintep-PB (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba), o governo manteve sua proposta inicial de criação de uma bolsa de avaliação de desempenho no valor de R$ 230,00 e implantação de uma ajuda de custo de transporte no valor de R$ 60,00 apenas para os funcionários não docentes das cidades de João Pessoa e Campina Grande. No entendimento dos trabalhadores esta proposta não atende as suas reivindicações por retirar uma conquista já consolidada da categoria, reduzindo as já precárias condições de trabalho dos servidores da educação pública estadual. Em estado de greve, os educadores do Espírito Santo reafirmam que uma paralisação geral pode ser deflagrada no dia 9 de junho caso o governo não atenda as reivindicações da categoria.
Rio Grande do Sul tem apenas os professores municipais de Porto Alegre paralisados. O índice apresentado pelo governo municipal foi considerado insuficiente e a categoria deliberou em assembleia geral continuar a greve por tempo indeterminado. Uma nova assembleia foi marcada para esta quinta-feira (26), às 14 horas, no Centro de Eventos do Parque Harmonia.