Com leitos de UTI Covid 100% ocupados, o Sinpro destaca a importância da vacinação no DF

Com leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Covid pediátricos e adultos 100% ocupados, na manhã desta sexta-feira (18), o Distrito Federal (DF) parece estar anestesiado. As centenas de milhares de mortes por covid-19 em apenas 2 anos de pandemia passaram a ser tratadas como normal. Há um silêncio na cidade e não é o “silêncio sepulcral”. É o silêncio de quem se acostumou com o absurdo.

 

Nesta sexta-feira (18/2), segundo os dados da própria Secretaria de Estado da Saúde (SES-DF), os leitos de UTI Covid pediátricos e adultos estão 100% ocupados. Segundo levantamento do Metrópoles, “só há três leitos neonatais disponíveis na rede pública de saúde do DF e 16 pessoas na fila para tratamento intensivo contra a doença a 100% de lotação”. https://www.metropoles.com/distrito-federal/df-leitos-de-uti-covid-pediatricos-e-adultos-estao-100-ocupados.

 

O sistema InfoSaúde, do Governo do Distrito Federal (GDF), atualizado às 6h40, indicava, na manhã desta sexta, que a ocupação atual de UTI para tratamento do novo coronavírus, contabilizando os leitos neonatais, é de 97,32%. Todo mundo tem pelo menos um parente que morreu de covid-19 e que poderia estar vivo agora e até hoje os governos federal e distrital não puseram nas ruas campanhas incisivas de vacinação. A terceira onda da pandemia, com a preponderância da variante ômicron, tem revelado que 99% dos óbitos são de pessoas que não tomaram a vacina.

 

A taxa de mortalidade só por covid-19 no País permanece acima de 1.100 óbitos por dia. Isso é número subnotificado. E não se vê indignação. As pessoas parecem assistir ao genocídio como se isso fosse normal. Aceitam pacificamente usar os transportes coletivos superlotados e não levam os filhos e as filhas para se vacinarem. Quando se tem notícia de alguém que morreu de covid, o máximo que se comenta é a frase “fazer o quê?” A indignação deu lugar à indiferença e à inação.

 

Um levantamento recente da imprensa indica que apenas 27,22% das crianças brasileiras estão com a primeira dose da vacina no braço. O dado, atualizado pelo G1 no dia 12/2, dá conta de que apenas 43,77% das crianças do Distrito Federal tomaram a primeira dose. Ainda assim, o governo Ibaneis Rocha (MDB) divulga “normalidade” sanitária na cidade e não colocou, até agora, uma campanha consistente e explicativa nas ruas para convencer as pessoas a levarem as crianças para vacinar. Retomou aulas presenciais sem exigir o passaporte da vacina.

 

A necessidade de uma forte campanha de vacinação no DF

Desde o dia 14/2, quando começou o ano letivo de 2022 com aulas 100% presenciais, várias escolas têm tido de retomar as aulas virtuais por causa de surtos de covid. Diante dessa situação e até, muitas vezes, substituindo as competências do Estado, o Sinpro-DF tem realizado campanhas em defesa da vacinação infantil em larga escala, principalmente porque somente com essa imunização intensa será possível evitar um genocídio infanto-juvenil por causa das aulas presenciais na rede pública de ensino. Até hoje o GDF não implantou, como outras unidades da Federação, o passaporte da vacina para exigir dos pais, mães e responsáveis a vacinação das crianças e adolescentes.

 

O Sinpro tem exercido o papel de conscientizar os(as) estudantes e as comunidades escolares da rede pública de ensino da importância da vacinação. Tem explicado como a vacina pode evitar mortes e sofrimentos, dores e internações. A diretoria colegiada tem destacado a importância de as escolas da rede pública promoverem a discussão sobre a segurança e importância da vacinação de crianças e adolescentes com as famílias. Essa conscientização pode ser materializada  nas assembleias, nas reuniões de pais e em todas as ocasiões com participação de pais, mães e responsáveis.

 

 “Levar a criança para vacina é de extrema importância. É uma forma de garantir a essa criança o direito à vida, à escola, à educação pública e gratuita de qualidade, o direito de brincar porque ela fará todas essas coisas mais segura uma vez que estará imunizada. Essa imunização irá evitar que as crianças que vierem a se contaminar vivam processos graves da covid-19 ou venham a óbito”, afirma Élbia Pires, coordenadora da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador do Sinpro-DF.

 

Ela explica que a vacina é a única saída para minimizar os contágios e evitar mortes. Aliás, todo o histórico de vacinação do mundo evitou a morte de milhões de crianças. Chegou a erradicar doenças letais infantis de vários países. “Todo o remédio tem a função de reduzir sintomas e proteger. A vacina é de fundamental importância, pois reduz sofrimento e evita mortes”, explica a diretora.

 

Luciane Kozicz, psicóloga do Sinpro-DF, afirma que a vacina é um remédio “baseado em estudos científicos, uma solução discutida por pesquisadores de diversas partes do mundo, uma construção coletiva, proporciona a resolução de problemáticas relevantes para a sociedade, evitando o alto índice de mortes, como comprovado pelas pessoas que não se imunizaram”.

 

Ela observa que “as fake news geram medo, insegurança e sofrimento nas pessoas. Esse é um problema grave, que tem como consequência a perda de muitas vidas. Numa possível contaminação, esses conflitos geram confusão no ser humano. O estresse psíquico estresse pode inibir as células do sistema imune, e aí baixa a imunidade, acelerando processos de adoecimento e perdas irreversíveis”.

 

No fim de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a obrigatoriedade da vacinação é constitucional e que o direito à saúde coletiva das crianças deve prevalecer sobre a liberdade de consciência e convicção filosófica das famílias. O Estatuto da Criança e do Adolescente é categórico sobre o direito à vacinação das crianças. A partir do momento em que a agência sanitária e o próprio Ministério da Saúde recomendam determinada vacinação, ela passa a ser obrigatória.

 

A única exceção, claro, é se existirem pareceres, laudos, receitas de que determinada vacina possa gerar risco para alguma criança e isso não deve ser uma falácia, mas sim comprovado. “O papel do Sinpro é o de conscientizar sobre esse direito dentro das escolas e nas comunidades escolares. E, esse papel, que deveria, antes de tudo, ser desenvolvido pelo GDF, está sendo desempenhado pelo sindicato”, finaliza.

 

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