Coletivo discute a invisibilidade da população negra na mídia

O racismo nos meios de comunicação foi o tema da reunião desta terça-feira (213/2), no coletivo antirracismo Dalvani Lelis da CNTE, com representantes de 16 estados.
“Nós estamos em uma grande articulação nacional, fazendo com que as escolas e os educadores possam ter instrumentos para repassar para os alunos, para ajudar no combate ao racismo. Com mais informação e com a organização da sociedade nós vamos garantir a chegada dos negros à escola, a permanência e a saída com sucesso, pois achamos que a escola, a educação, é o grande espaço para se debater e se combater o racismo”, explica a secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Ieda Leal.
Os educadores estiveram em Brasília para debater o papel da educação para o fim do preconceito, com foco na Internet e outras mídias. O doutor em Educação Edson Lopes Cardoso falou sobre como grandes veículos podem deseducar ao negar o protagonismo do negro: “A grande mídia tradsicionalmente invisibiliza a presença da população negra no conjunto da população brasileira. Com isso, ela simplesmente nega a possibilidade de condições de existência real dessa população, de estratégias de sobrevivência, de enfrentamento ao racismo, que não são de interesse da grande mídia”.
Segundo Cardoso, a mídia tradicional deseduca: “Em um grande veículo, com novelas, por exemplo, você vê a distorção do protagonismo, a redução do negro a uma minoria eventual, periférica, de uma população que não é minoritária, sem destaque, cujos talentos e vocações não têm possibilidade de se desenvolver. Você tem na grande mídia o negro em uma situação lateral, menor, de quem, a rigor, deveria ser central, por conta de sua presença na sociedade brasileira. Essa representação minoritária, quase que desprezível da poapulçaõ negra, é uma grande distorção”.
Ele também destacou o crescimento de conteúdos independentes:”Só que o quadro hoje permite, graças às inovações trazidas pela Internet, que, paralelamente, você tenha redes, instituições e indivíduos dando uma visibilidade muito maior a esses temas do que a mídia tradicional. Há uma tensão muito grande entre o silêncio e a invisibilidade dos grandes veículos e uma presença crescente, através de meios de divulgação pela Internet, de produção de imagem e de conteúdos dos próprios negros, vinculados diretamente a suas condições de existência”.
Para o professor, é preciso fazer o exercício da consciência crítica nas escolas: “Em sala de aula, com um tema como racismo e a presença do negro e a sua contribuição na sociedade brasileira, é possível estimular o conjunto dos alunos ao exercício da crítica aos meios de comunicação, aos padrões de beleza impostos como únicos, a referências exclusivas ao continente europeu. A crítica à mídia é extremamente enriquecedora para os processos educativos e para o desenvolvimento de uma consciência cidadã plena”.
Também foi pauta do encontro o Seminário Nacional, marcado para 12 a 14 de maio, em Belo Horizonte/MG, e que vai discutir formas de combate ao racismo com troca de experiências e organização de projetos para aprimorar a atuação dos trabalhadores em educação nas escolas. O tema “ Já falei 10.639 vezes que racismo é crime” faz uma referência à lei que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira.
Segundo Ieda Leal, a ideia é contribuir com a luta contra o preconceito racial: “Traremos educadores com acúmulo de experiência no combate ao racismo e representantes de trabalhadores de todos os estados para fazermos um tratado dentro da educação. Usando o o número da lei que modificou a LDB queremos fortalecer sua importância e também reforçar que já falamos muitas vezes que racismo é crime e que as pessoas que praticam o racismo devem ser punidas”.