CNTE participa do Encontro Regional Educação Pública e Povos Indígenas promovido pela IEAL

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Neste dia 9 de agosto, o Comitê Regional de Educação da Internacional da América Latina (IEAL) celebrou o Dia Internacional dos Povos Indígenas com o evento “Encontro Educação Pública e Povos Indígenas”. Todas as organizações filiadas convocaram participantes pertencentes a populações indígenas para a atividade, realizada em modo virtual, às 11h (horário de Brasília).

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) marcou presença no evento, que contou com a representação de professores/as indígenas de todo país.

 

Educação indígena: tema central

“É essencial que as organizações sindicais da educação assumam esse desafio de organizar as populações indígenas – e cada povo tem o seu próprio perfil, seus próprios costumes e culturas. Não somos nós que vamos dizer quais são as demandas dessas populações – são eles que vão dizer qual é o tipo de educação que querem e as organizações sindicais devem promover essa reflexão”, afirmou Combertty Rodrigues, coordenador geral do escritório regional da IEAL (Internacional da Educação para América Latina), na abertura do Encontro.

A secretária geral da CNTE, Fátima Silva, que também é vice-presidente da IEAL, reforçou: “Nós na América Latina temos uma dívida impagável, imensurável com todas as populações indígenas. O direito de bem viver dos indígenas é desrespeitado nas políticas públicas e na sociedade. Tivemos etnias totalmente dizimadas. Que esse dia de hoje não seja um dia de celebração, mas que seja um dia de reconhecimento e de compromisso com os educadores indígenas, respeitando e atendendo às especificidades da educação escolar indígena, desde a educação infantil até a Universidade”.

Principais demandas 

O presidente do Simted Caarapó, Apolinário Candado, fez uma breve apresentação dos sindicatos de profissionais da educação do Brasil e articulou a participação dos Professores Indígenas da Região Grande Dourados (MS) – municípios Caarapó, Douradina e Dourados. Em seu relato, apontou preocupação com o avanço do agronegócio “que nos tira a terra, as nossas famílias e as nossas vidas”. 

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Professores indígenas da Região Grande Dourados (MS) participam do evento virtual – Foto Simted Caarapó

“Neste Dia  Internacional dos Povos Indígenas, o Encontro é um importante espaço para nossa reflexão enquanto educadores latino americanos sobre a situação educacional e da resistência dos povos originários na luta pela preservação de suas culturas e tradições bem como de seus territórios e da demarcação definitiva de suas terras” – destacou Apolinário. 

A técnica de enfermagem e assistente social, Vanusa Kaimbé, também esteve presente no Encontro e desabafou: “É cansativo a gente resistir. A gente queria só existir. Nós vivemos no Brasil, e aqui invadem nossos territórios, nossos corpos, nossos espíritos, todos os dias há uma invasão, tiram nossas vidas”. 

Vanusa relatou o caso recente da jovem indígena Daiane Kaingang, no noroeste gaúcho, que foi encontrada morta em meio a uma lavoura: “Tiraram a vida de uma menina de 14 anos – além de a violentarem sexualmente, esquartejaram o corpo dessa mulher. Chega de genocídio, chega de violência! Nós respeitamos a vida da mãe terra. O ser humano não precisa tirar a vida do outro, então a gente precisa gritar para o mundo, mais respeito, mais amor, uma educação inclusiva”. 

Para a assistente social, é preciso respeitar a ciência dos povos indígenas, a biografia ancestral, a oralidade: “A educação precisa mudar, incluir as periferias, os povos da floresta, os povos originários, os irmãos negros – é só assim que teremos uma educação de fato. Temos que dizer que nós existimos e resistimos. A nossa disputa é pela vida, pela mãe Terra e pelo planeta”.
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Combertty Rodriguez participa do Encontro Regional Educação Pública e Povos Indígenas

Fonte: CNTE