Festa da EC 64 reúne livros, escritas e musical antirracista
A Escola Classe 64 de Ceilândia realizou, no último dia 9, a Festa da Cultura. O evento celebra a importância da leitura, da escrita, apresenta trabalhos realizados pelas crianças no decorrer do ano , e neste ano contou com a apresentação do musical antirracista Tiarinha Vermelha e o Povo Mau, de autoria do professor Marcos Reis.
“Era uma vez uma linda menina chamada Tiarinha Vermelha. Na verdade, esse era um apelido que colocaram nela, pois adorava usar uma tiara vermelha que fazia ressaltar os seus belos cabelos crespos.” Assim começa a história Tiarinha Vermelha e o Povo Mau, que conta a história da discriminação sofrida pela menina em decorrência de seu cabelo afro.
A história foi escrita em 2012 pelo professor Marcos, ao ver a própria filha sofrendo discriminação por causa do cabelo aos três anos de idade. Em 2018, a história virou livro, que já está sendo preparado para segunda edição.
Dez anos depois de escrita, a história da Tiarinha Vermelha virou musical, e teve seu texto readaptado, com a inserção de novos personagens que não aparecem no livro. A produção foi apresentada na Escola Classe 64 de Ceilândia, onde Marcos é professor das séries iniciais.
Em 2022, a apresentação foi feita com as crianças da Escola Classe 05 do Cruzeiro, levada pela professora Simone Venâncio. Foi o início de uma parceria bem proveitosa: Simone convidou Marcos para a criação do grupo Histórias de Griô, que recebeu apoio do FAC.
O grupo História de Griô oferece oficinas de contação de histórias, de escrita de histórias afrodescendentes, além de outras oficinas. A culminância do projeto foi a re-encenação do musical da Tiarinha Vermelha na EC 64 de Ceilândia, três anos depois de seu lançamento. Desta vez, a verba do FAC permitiu uma produção mais detalhista, e o musical foi apresentado pelas crianças dos 5º anos matutino da escola, em meio a mostra de trabalhos, que destacou para as crianças a importância de ler, escrever e produzir arte.
“Vivo numa sociedade racista. Acredito que a educação antirracista deve começar nas séries iniciais, pois são as crianças que vão ajudar a transformar o Brasil num país melhor para se viver”, aponta Marcos.