Chácara do Professor recebe 5 mudas de baobás

A Chácara do Professor, do Sinpro, recebeu na manhã da última sexta-feira (12/11) o plantio de cinco mudas de baobás, em comemoração ao mês da consciência negra. O evento foi promovido pela Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro, e contou com a presença de Joseanes Ribeiro e Margareth Rose, da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno (FMNDFE), além de Jacira Silva, do Coletivo de Mulheres Negras Baobá, do Professor Nelson Inocencio, do Núcleo de estudos Afrobrasileiros da Universidade de Brasília, e da professora Neide Rafael, especialista em relações étnico raciais. e contou também com a presença de André Lúcio Bento, especialista em Cultura Afro-Brasileira e Africana pela UFG.

O Baobá é o símbolo da África. Está presente em diversas regiões do continente Negro. Para muitos povos africanos, os Baobás são símbolo de ancestralidade, locais de aprendizagem, pois é à sombra dessa árvore o Baobá que os mestres griô transmitem os valores e saberes ancestrais aos mais novos.

O baobá também surge como o princípio da conexão entre o mundo material e sobrenatural: uma das versões do mito da criação do mundo relata que foi através do Òpó-orun-oún-àiyé – o pilar, simbolizado pelo baobá, que une o mundo transcendente ao imanente – que os deuses primordiais chegaram ao local aonde deveriam iniciar o processo de criação do espaço material.

No Brasil, essas árvores frondosas representam resistência dos povos escravizados. Sua presença é marcante nos locais de maior ocupação negra no período escravocrata. E isso demonstra a ligação entre os africanos, trazidos para cá à força, e suas origens.

Cinco exemplares dessa árvore repleta de simbolismos foram plantados na Chácara do Professor na última sexta-feira. Seguindo a tradição africana, receberam nomes de cinco frondosas mulheres negras:

Dandara: líder feminina do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, companheira de Zumbi e uma das principais dirigentes influentes nas decisões políticas em prol da abolição. Esse baobá foi plantado por André Bento.

Carolina Maria de Jesus: ex-catadora de papel, moradora da favela do Canindé, em São Paulo. Escritora, teve o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lido em mais de 40 países. Baobá plantado por Neide Rafael.

Tia Ciata: cozinheira, baiana de Santo Amaro da Purificação, defensora da cultura afrobrasileira, levou o samba de roda para o Rio de Janeiro. Emprestava sua casa para reuniões de artistas que criaram o samba carioca. Árvore plantada por Nelson Inocêncio.

Maria Firmina dos Reis: maranhense, primeira romancista brasileira e primeira mulher negra a publicar um romance, “Úrsula’’ (1859), no Brasil, em todos os países de Língua Portuguesa e em toda a América Latina. Pioneira na crítica antiescravagista. Esse baobá foi plantado por Jacira Silva.

Elza Soares: cantora e compositora carioca, com várias premiações nacionais e internacionais, foi eleita Melhor Cantora do Milênio pela Rádio BBC, de Londres (1999), e considerada uma das 100 maiores vozes da Música Popular Brasileira (MPB) pela revista Rolling Stone Brasil. Baobá plantado por Margareth Rose.

“Queremos, com o recanto dos baobás, valorizar nossa história afrodescendente e criar, na Chácara do Professor, um espaço de aprendizagem. Vamos receber alunos, dialogar e refletir sobre nossa afrodescendência e sobre a história do povo negro, que construiu o nosso país”, disse Márcia Gilda, Diretora do Sinpro e Coordenadora da Secretaria de Raça e Sexualidade.

 
 

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