Cemeb encerra ano letivo com dois espetáculos abertos ao público

O Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) da Asa Sul realiza, nesta quinta-feira (7/12), o fechamento do ano letivo 2023 com a reapresentação de dois importantes espetáculos da Cia de Teatro do Elefante Branco estreados neste ano. Ambos terão entrada franca e são abertos ao público.

Trata-se do “Epifania”, um espetáculo de dança contemporânea que integra a programação do I-Festival, Mostra de Dança da Licenciatura em Dança do Instituto Federal de Brasília (IFB), a ser reapresentado às 11h da manhã no Campus Brasília, IFB Norte, L2 Norte.

E o “Sarau das memórias eternas”, espetáculo antirracista que será a abertura do XIII Fórum da Orientação Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEE-DF), a ser encenado à noite no Auditório do Cemeb.

Cia de Teatro Elefante Branco e parceria com IFB

O Elefante Branco tem o Projeto da Companhia de Teatro (Cia de Teatro) fixado em sua grade curricular desde 2018. Essa é uma companhia de repertório, ou seja, são vários espetáculos montados durante o ano. “Em outubro deste ano, a gente fez o nosso VI Festival de Teatro e, nesse festival, a gente apresentou algumas peças, como ‘Obras do PAS’, e, agora, em dezembro, vai reapresentar dois espetáculos que haviam sido apresentados durante o ano letivo de 2023: o ‘Epifania’ e ‘Sarau das memórias eternas'”, informa Marcello D’Lucas, professor de arte e coordenador do Elefante Branco.

O professor explica que o espetáculo “Epifania” foi montado em parceria com o curso Licenciatura em Dança, do Instituto Federal de Brasília (IFB). “Eu supervisiono, no Cemeb, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, o PIBID, de Arte do IFB. Com isso, eu tenho acesso aos ‘pibidianos’ da bolsa. Alguns desses ‘pibidianos’ conduziram uma oficina de dança durante o ano e, dessa oficina, resultou o espetáculo Epifania”, explica.

Esse espetáculo foi apresentado no VI Festival de Teatro e foram convidados a reapresentá-lo na Mostra de Dança do IFB. Além disso, todo ano, em novembro, no Mês da Consciência Negra, o Cemeb estreia um espetáculo novo que, geralmente, fica em cartaz no ano seguinte, com o tema do antirracismo. Este ano, esse espetáculo foi o “Sarau das memórias eternas”, apresentado na Semana da Consciência Negra.

“Vamos reapresentar o ‘Sarau das memórias eternas’ no Fórum da Orientação Educacional, da SEE-DF. Nesta quinta-feira, os orientadores estarão no Elefante Branco e vamos reapresentar esse espetáculo, às 20h, no próprio Elefante Branco, e é também aberto ao público.

Protagonismo juvenil

O professor Marcello explica que os projetos de teatro e dança são uma forma de a escola pública promover o protagonismo juvenil e abrir espaços para os(as) estudantes possam se expressar e ter um espaço em que possam ser vistos, questionar as coisas. “Os dois espetáculos têm conteúdo político. O ‘Epifania’ fala sobre a sociedade fria, que segue padrões, monótona. Esse espetáculo brinca, ironiza um pouco com essa temática, em que as personagens se assemelham a robôs e, com o passar do tempo, durante o espetáculo, por isso o título ‘epifania’, como se fossem ‘epifanizados’, e começassem a enxergar o mundo colorido e multiplural e não um mundo reto, quadrado, sem cor, sem formas”, explica.

Segundo ele, o ‘Sarau das memórias eternas’ é um espetáculo antirracista. “São poemas da autora Cristiane Sobral, que é uma escritora preta carioca, que reside no Distrito Federal e é professora efetiva da SEE-DF, mas, hoje, ela trabalha no Ministério da Educação. Esse espetáculo se chama ‘sarau’ porque se trata de um recital de poemas dela só que em forma de espetáculo de teatro. Essa é uma forma de a gente trazer também uma visibilidade negra porque o elenco é toda preta, a equipe é toda preta, e é um momento de a gente ver os e as adolescentes negros em cena, representando toda a ancestralidade negra de uma forma performática, poética, denunciativa, crítica”, informa Marcello.

O “Sarau das memórias eternas” aborda várias questões relacionadas ao racismo estrutural e a toda a essa rede que converge para o encarceramento do jovem preto. “E como se a gente tivesse também a oportunidade de fazer com que os e as adolescentes se sintam parte da comunidade e, mais do que isso, que eles e elas possam mudar a realidade deles”, afirma. D’Lucas informa ainda que o Cia Elefante Branco está no Instagram @ciaelefantebranco, local em que o público pode conhecer com maiores detalhes o seu histórico.

“É um projeto que visa a trazer o protagonismo juvenil e catapultar para além dos muros da escola toda esse talento e a disponibilidade dos adolescentes de fazer arte, de se engajarem nessas atividades. A gente consegue ver, com o passar do tempo, já estamos no fim do ano e então consigo enxergar em relação a este ano letivo, por exemplo, uma motivação maior dos e das estudantes para frequentar a escola porque agora eles e elas têm essa responsabilidade de fazerem parte das apresentações e, com isso, se sentem integrantes da escola, importantes, e estão ali o tempo inteiro para ensaiar, além de assistirem às aulas e de terem seus trabalhos de artista reconhecidos em sala de aula pelos professores, pela comunidade escolar. É uma forma muito digna de fazer com que os e as estudantes se sintam parte da escola”, afirma.

Ele diz ainda que o projeto é importante também porque “à medida que o estudante vai se desenvolvendo, ele vai tendo consciência de suas potencialidades porque ali a gente não está tentando nem formar artistas, mas apenas trazer um espaço em que cada estudante possa se reconhecer como um sujeito autônomo, capaz de produzir cultura para a sua comunidade e também possibilitar esse diálogo da comunidade escolar, os espectadores, com eles, que são estudantes exercendo a função de artistas. E o mais importante que é formar plateia. A gente conseguindo fazer essas apresentações para o público da escola e também para o público externo, com apresentações externas, como será o caso dessas duas apresentações, a gente mobiliza toda uma comunidade em prol desse entendimento das artes na escola”, finaliza.