CED 16 da Ceilândia dá protagonismo a estudantes da EJA, que têm muito a ensinar

Essa última semana foi agitada no CED 16 da Ceilândia. Depois de praticamente um mês de planejamento, estudantes da EJA (Ensino de Jovens e Adultos) apresentaram os trabalhos que compõem a Feira das Profissões e Cultura. Muito mais que o cumprimento do currículo escolar, a atividade é mais uma prova de que estudantes da EJA têm muito a ensinar.

    

As apresentações iniciaram no último dia 19 e terminam nesta sexta-feira (21/10). Temas diversos, como natureza, democracia, fome, meio ambiente foram apresentados em forma de teatro, poema, stand. “O objetivo é fazer com que o aluno da EJA sinta prazer em estudar, possa se sentir pertencente à escola e parte da construção do seu próprio currículo, porque o conhecimento vai ser construído através da participação do aluno. A gente foge da educação bancária, onde apenas o professor deposita, e abre espaço para que o aluno seja o protagonista da construção, pelo ponto de vista pedagógico”, explica o coordenador do CED 16 de Ceilândia, Wellington Nascimento dos Santos.

Cátila Sabrina, estudante da escola, comemora. “A experiência aqui foi maravilhosa. Graças à EJA consegui terminar meus estudos; e graças à EJA quero cursar uma faculdade”, planeja.

Mas o coordenador Wellington Nascimento conta que, muitas vezes, quem mais ganha quando o foco é a EJA são os próprios professores e orientadores escolares. “Muitas vezes, as pessoas veem a EJA como o fim da esperança, a ausência de conhecimento; desconsideram os conhecimentos desses estudantes. Na EJA, quando não se abre espaço para que o aluno fale, despreza-se uma bagagem de conhecimento imensa. O aluno da EJA pode não ter o conhecimento formal, mas o conhecimento de vivência, a bagagem de vida, é gigante. Ele só precisa de espaço para mostrar isso.”

Emocionado, Wellington Nascimento, que está na rede pública de ensino há 24 anos, 22 deles com estudantes adultos, desabafa: “A gente chora porque vemos que o aluno que, muitas vezes, vai pra EJA como o desprezado, o rebelde; aquele que a sociedade alija, mesmo com todas as dificuldades, vindo do seu trabalho, ou morando numa periferia, marginalizado, ele mostra que pode fazer algo diferente. Isso dá um gás a mais para o nosso trabalho, diante de uma profissão tão desvalorizada como vem sendo o magistério público.”

Wellington Nascimento, coordenador do CED 16 de Ceilândia, na rede pública de ensino há 24 anos, 22 deles com estudantes da EJA

 

“Esse projeto e essa escola são uma experiência viva de que os estudantes querem estudar, e fazem a diferença”, avalia o dirigente do Sinpro-DF Luciano Matos, que esteve presente nas apresentações da Feira das Profissões e Cultura.

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