Campanha ‘Janeiro Branco’ alerta para a importância da saúde mental

Este mês, as atenções estão voltadas para a importância da saúde mental, isso, graças a Campanha Janeiro Branco. Para colaborar com a iniciativa, na sexta-feira (25), a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), com apoio do Sinpro-DF e outras instituições, promoverá um ciclo de palestras sobre a temática “Quem cuida da mente, cuida da vida”. O encontro acontece às 18h30, no auditório da sede da Escola de Assistência Jurídica (Easjur). Já no sábado (26), das 8h ao meio dia, o estacionamento 12 do Parque da Cidade será palco de uma ação itinerante, com atendimento jurídico e psicossocial gratuito, roda de conversa, aula de zumba e caminhada.
As inscrições poderão ser feitas pelo site da Escola da Defensoria e os participantes podem contribuir com duas latas de leite em pó nos dias do evento, que serão doadas ao instituto Vida Positiva.
Mediarão o ciclo de debates a psicóloga e subsecretária de Atividade Psicossocial (Suap) da DPDF, Roberta de Ávila, e o psicanalista da Escola de Psicanálise de Brasília, Flávio Calile.

Conheça a campanha

O objetivo do Janeiro Branco é colocar em evidência a importância da saúde mental e promover ações de prevenção ao adoecimento emocional da população. A campanha incentiva as pessoas a investirem e garantirem saúde mental e emocional em seus relacionamentos interpessoais, trazendo uma visão transdisciplinar, humanista e moderna que engloba o combate a transtornos como a depressão, ansiedade generalizada, a esquizofrenia bipolaridade, bem como a capacidade de o indivíduo reagir  frente à pressão no trabalho, os desencontros amorosos, as cobranças da sociedade, as oportunidades da infância, as responsabilidades da vida adulta, as questões da senilidade e tantas outras.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com depressão aumentou 18,4% — hoje, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. O Brasil também é campeão mundial no índice de ansiedade: 9,3% da população manifesta o quadro. Ainda de acordo com a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.
Entre os educadores o índice também assusta, sendo a maior causa de afastamento do trabalho. Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) apontou que 71% dos 762 profissionais de educação da rede pública de vários estados entrevistados no início de 2017 ficaram afastados da sala de aula após episódios que desencadearam problemas psicológicos e psiquiátricos nos últimos cinco anos. O estresse, muitas vezes provocado por situações de insegurança, teve a maior incidência, com 501 ocorrências (65,7%).
De acordo com a Secretária de Assuntos de Saúde do Trabalhadores do Sinpro-DF, Gilza Camilo, o alto número de afastamentos estão ligados às questões do ambiente de trabalho, à organização, às condições de trabalho, às oportunidades, ao balanço entre trabalho e vida fora dele, ao envelhecimento da população ativa, à precarização e à insegurança no emprego, são, hoje em dia, consideradas fontes de riscos psicossociais, que ameaçam a saúde mental dos trabalhadores.
A diretora ressalta que para combater o problema o Sinpro-DF desenvolveu uma pesquisa qualitativa com a categoria. Foram escutados professores afastados do trabalho por sofrimento psíquico e em processo de readaptação ou readaptados. O objetivo era compreender os efeitos subjetivos e a busca de simbolizações decorrentes da reinserção e integração social no contexto de trabalho. Além disso, foram visitadas s 57 Escolas da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal para tratar de assuntos como, democracia, relações socioprofissionais, violência no trabalho, ensino integral, ideações suicidas de alunos e professores entre outros. “É preciso suavizar o sofrimento num véu discursivo e diminuir os tons violentos de condições precárias de trabalho com inclusão. A categoria não deve se apequenar e nem se auto implodir por não poder esclarecer o que acontece. Há relatos de sentimentos de ansiedade, angústia, tristeza, cansaço e impotência diante dos atos violentos cometidos no ambiente escolar pela direção, por colegas de trabalho, pais e alunos. A saúde mental dos docentes está em perigo e a prevenção deve iniciar com uma leitura da realidade do cotidiano nas escolas. É preciso fortalecer o eu e reconhecer limites, se preparando para enfrentar o caminho e resolver os conflitos internos”, concluiu a diretora.