Brasília vai parar em repúdio a calotes, demissões e desrespeito

No Distrito Federal, o calor deu uma trégua, mas o clima fechou mesmo para o GDF. Após anunciar pela mídia comercial intenção de pagar reajuste salarial somente a partir outubro de 2016, sem retroativo referente a um ano, o governador Rodrigo Rollemberg instigou a radicalização da greve. Unanimemente, as 22 categorias do funcionalismo que estão paralisadas consideraram a proposta uma “provocação” e prometeram massificar as ações do movimento paredista. A resposta será, entre outras atividades e ações na Justiça, a organização na próxima semana de um Dia de Luta da Classe Trabalhadora do DF.
As mobilizações que marcarão a semana de 26 a 31 de outubro contarão com a adesão dos trabalhadores terceirizados que prestam serviços em órgãos públicos e servidores de empresas estatais, que vêm recebendo ameaça de demissão, retirada e violação de direitos e arrocho salarial. Também se somarão às atividades trabalhadores rurais sem terra e trabalhadores vinculados à Cultura no DF, que também são alvo de total desrespeito e calote do governador Rodrigo Rollemebrg. As ações começam a ser articuladas conjuntamente na segunda-feira (26), pela manhã, em plenária dos sindicatos CUTistas.
“Rollemberg vem querendo implementar o Estado Mínimo através de uma política neoliberal que afeta toda a classe trabalhadora. Por isso, mais uma vez, vamos mostrar ao governador a força da classe trabalhadora organizada pela maior central sindical do Brasil e da América Latina: a CUT. Vamos repudiar os calotes generalizados, o desrespeito e a falta de diálogo com os representantes dos trabalhadores, a criminalização e judicialização dos movimentos social e sindical, o aumento de tarifas públicas, além de defendermos a valorização das empresas estatais e a realização imediata na Reforma Agrária no DF e a concessão de moradia popular”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
O discurso do presidente da Central é reforçado por demais dirigentes da CUT. “A partir de segunda-feira (26) vamos intensificar as ações; vamos demonstrar o que o trabalhador do DF é capaz. Não vamos abrir mão do reajuste salarial que deveria ter sido feito, conforme estabelecido em lei, a partir de setembro para as 32 categorias do funcionalismo. Vamos radicalizar”, alerta Julimar Roberto, da CUT Brasília. “Vamos realizar uma grande greve de todos os setores e respondermos à altura os ataques do GDF”, reforça o também dirigente da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.
Greve geral
Reunidos em assembleia nesta sexta-feira (23), professores da rede pública de ensino lotaram a Praça do Buriti e aprovaram a continuidade e o fortalecimento da greve. A categoria ainda deliberou encaminhar para avaliação do Fórum em Defesa do Serviço Público, coordenado pela CUT Brasília, a realização de um dia de greve geral de toda a classe trabalhadora do Distrito Federal e a entrega de ação no Tribunal de Justiça por improbidade administrativa de Rollemberg, com ato unificado.
“A divulgação dessa proposta do Rollemberg pela mídia é um desrespeito ao movimento sindical e aos servidores. É inaceitável que o governo continue com essa postura. A resposta é a luta”, disse o dirigente do Sinpro-DF (Sindicato dos Professores do DF), Cleber Soares.
IMG-20151023-WA0016Na terça-feira (27), os professores realizam nova assembleia. “Até lá, o governo ainda tem oportunidade de rever sua posição, apresentar uma proposta decente e respeitosa. Nós estamos dispostos a sentar e negociar, e não a receber uma proposta desse tipo por meio da imprensa”, declarou a dirigente do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa.
Os servidores das escolas públicas do DF (porteiros, auxiliar administrativo, merendeiras, psicólogos, apoio escolar) também repudiaram o calendário de pagamento de Rollemebrg e decidiram, em assembleia do SAE realizada pela manhã em frente à Câmara Legislativa, dar continuidade à greve.
“A assembleia foi unânime em aprovar a continuidade da greve. A partir de segunda-feira (26), nós estaremos nas ruas contra essa proposta indecente do governador Rollemebrg. Se ele (o governador) quer fazer o pagamento de reajuste de salário em 2016, então nós só voltaremos a trabalhar em 2016. A responsabilidade da greve de todas as categorias é do governador Rollemberg”, afirmou o dirigente do SAE, sindicato que representa os servidores das escolas públicas, Denivaldo Nascimento.
Mais categorias
Sindser-DF (servidores e empregados na Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Distrito Federal)
Na terça-feira (23), os servidores do DER, Secretaria de Agricultura, DFTrans, Na Hora e SLU realizarão assembleia conjunta, às 10h, na Praça do Buriti. No DER e na Secretaria de Agricultura, cerca de 90% de ambas as categorias aderiram à greve. DFTrans e SLU suspenderão as atividades a partir de terça-feira (27).
Os servidores da Terracap realizarão assembleia no dia 26, segunda-feira, com indicativo de greve, e se somarão à assembleia unificada na terça (27).
Sindetran-DF (Detran)
Greve no setor começa dia 27, terça-feira. Servidores pedem reajuste do tíquete alimentação pelo índice do INPC, garantido por lei; retorno pagamento para dia 30 de cada mês e cumprimento do reajuste salarial em novembro.
Sindate (técnico e auxiliares de enfermagem)
Assembleia realizada nesta sexta (23), à tarde, no estacionamento do Nilson Nelson. Greve continua.
SindSaúde (servidores do sistema público de saúde)
Assembleia na tarde desta sexta-feira (23), na CNTI. Direção do Sindicato já se posicionou contrária à proposta do governo. Categoria avaliará calendário.
Sindireta
Assembleia segunda-feira (26), 15h, no Sindmédico.
Sindmédico (médicos da rede pública de saúde do DF)
Continuidade da greve e massificação de atividades durante a semana.