Brasília pelos olhos de Sarah Serafim, do CED 08 do Gama
Ao longo dos anos, Brasília − que completa 65 anos neste 21 de abril − tem sido fonte de inspiração para a composição de obras que marcam gerações. Inúmeras são as músicas, fotografias, roupas, peças teatrais e outras criações que têm seu significado alicerçado nos traços da capital federal.
Tamanha magnitude inspirou a estudante do Centro Educacional 08 do Gama Sarah Serafim a compor o poema “Onde o plano se curva”, que traduz Brasília de forma poética e viva.
A obra quase passou despercebida, se não fossem os olhos atentos da professora Cátia Cilene, que, ao tirar cópias do material, viu em suas mãos algo grandioso.
“Fiquei encantada. Perguntei se ela gostava de ler, escrever, e ela me mostrou o que tinha produzido. Foi aí que eu vi que a arte de Sarah tinha potencial para sair dos muros da escola. Ela é uma menina encantadora”, disse a docente.
A poesia é, na verdade, parte de um conjunto artístico produzido por Sarah para um concurso. Na competição, estudantes das escolas públicas do DF são instigados a demonstrarem, por meio da arte, o que faz de Brasília uma inspiração. Sarah expressou-se pela fotografia e pela poesia. Ao olhar para Brasília, ela viu na Catedral Metropolitana o estímulo que buscava. A poesia, que seria apenas a legenda da foto, tornou-se gigante, por sua força expressiva.

“Como digo no texto, Brasília é um plano no alto, porque ela está localizada no Planalto Central e foi toda pensada e calculada. Mas, ao mesmo tempo, ela nunca foi rasa, porque não é uma cidade superficial e tem raízes muito profundas nas histórias, nas lutas e nos sonhos”, conta a estudante.
Para Sarah, o encanto de Brasília está em seus contrastes: ao mesmo tempo em que é traçada por uma régua, se desdobra em curvas; ao mesmo tempo em que foi planejada para uma elite, é movida pelas mãos daquelas e daqueles que foram afastados de suas linhas.
“Eu fiz essa poesia com o objetivo de olhar para Brasília para além do que a gente vê. Um olhar mais profundo e sensível que acaba reconhecendo a beleza da estrutura e da história de Brasília”, disse a estudante.
A diretora do Sinpro Márcia Gilda utiliza a história de Sarah para lembrar que lutar pela valorização da escola pública sempre vale a pena. “A escola é espaço de formação e, também, de inspiração. Talentos como Sarah, muitas vezes, têm a escola como o único lugar para mostrar e ampliar seu potencial. E para que isso possa realmente acontecer, devemos ter uma educação pública de qualidade, com valorização profissional, infraestrutura física, salas sem superlotação. Essa é uma pauta histórica do Sinpro”, diz.
Leia abaixo o poema escrito por Sarah.
Edição: Vanessa Galassi