Avaliação formativa é tema de seminário com professores selecionados pela CNTE

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Professores/as selecionados/as pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) se reuniram nesta terça (25) e quarta-feira (26), em Brasília, para o Seminário “Círculos de Aprendizagem Conduzidos pelo Professor para a Avaliação Formativa”. 

O evento está inscrito no contexto da iniciativa “Teacher-led learning circles on formative assessments (T3LFA)”. No Brasil, o trabalho é conduzido pelo Grupo de Estudo Sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (Gestrado/UFMG), IE e CNTE. 

Segundo a coordenadora nacional da pesquisa, Dalila Oliveira, a Gestrado fez uma metodologia adequada à realidade brasileira. “Nosso objetivo é desenvolver o estudo com professores em sala de aula, com conteúdos sobre avaliação formativa que possam de alguma maneira nos ajudar a subsidiar nossas discussões no sentido de contrapor as avaliações em larga escala, as avaliações somativas”, explica. 

A Secretária de Assuntos Educacionais da CNTE, Guelda Andrade, diz que o desafio é como mensurar se o estudante aprendeu e “pensar em intervenções para superar as dificuldades do/a aluno/a para que ele/a atinja o patamar desejado de aprendizagem. A pesquisa tem como foco professores do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental e, hoje, 25 profissionais convidados pela CNTE estão neste evento”, explica. 

O presidente da CNTE, Heleno Araújo, se diz impressionado com o envolvimento dos professores que participam da pesquisa. “Eles/as entenderam a importância desse instrumento [avaliação formativa] para se contrapor a uma avaliação externa, ou a uma avaliação que vem de cima para baixo, como no caso do Ideb ou do Pisa. É uma experiência muito interessante”, avalia. 

 

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De acordo com Martin Henry, representante da IE e coordenador internacional da pesquisa, os ciclos oferecem a oportunidade para professores trabalharem de forma conjunta e definir o que é avaliação formativa. Para ele, isso pode fazer uma grande diferença positiva na rotina dos trabalhadores. 

“A avaliação formativa se foca mais no processo de aprendizagem e não apenas em enviar relatórios. Isso é melhor para as crianças. Na Suíça, por exemplo, os docentes estão querendo se afastar do sistema  de avaliação por notas. Os países que participam do programa estão engajados. É uma abordagem emancipatória”, explicou Martin durante o evento. 

Segundo ele, o ativismo pedagógico é muito importante para o sindicalismo.  É através dele que se pode aumentar a autonomia docente. “Aqui, colocamos as pessoas que têm os conhecimentos necessários no controle dos processos. O programa tem tudo para ter muito sucesso”, concluiu Martin. 

 

Painéis de discussão 

O professor João Horta, pesquisador do INEP, apresentou um histórico dos processos de avaliação desde 1980 e fez uma avaliação crítica do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em vigor desde 2018. Para ele, esse sistema não considera as realidades regionais do Brasil e promove um ranqueamento e responsabilização vertical das escolas e seus profissionais. 

João criticou o Saeb por ser um método de avaliação excludente, desconsiderando a educação indígena e a especial. “O Enem consegue fazer uma prova diferenciada para alguns públicos da educação especial. Por que o Saeb não consegue? Se a rebeldia não aparecer, o povo não se mexe. Se não tiver rebeldia, será muito difícil romper esse ciclo. É preciso ter uma prova dedicada a populações específicas”, opinou. 

Ele diz que é comum no Brasil tratar a repetência do aluno como algo normal, mas lembrou que nas outras culturas não é assim. “Ninguém aceita isso. Então, se teve alguma coisa boa que aconteceu nesta pandemia foi o fato de todo mundo ter sido aprovado. Mas mesmo não sabendo todos os conteúdos? Sim, para isso tem a responsabilidade dos governos de desenvolver programas que possam fazer esta recuperação. E isso também é uma tarefa da sociedade, recuperar esses alunos”, disse. 

Fernanda Villas Bôas, da Capes, falou das vantagens da avaliação formativa em relação às tradicionais, baseadas em resultados de testes para medir o desempenho escolar dos alunos.“Na avaliação formativa, o aluno é o foco do processo e o professor pode ser um facilitador”, afirmou. 

A pesquisa tem duração de um ano e faz parte de um projeto elaborado pela Internacional da Educação (IE) em sete países – Brasil, Coreia do Sul, Costa do Marfim, Gana, Malásia, Uruguai e Suíça -para compreender e investigar os processos de avaliação da aprendizagem de estudantes das escolas públicas.

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FONTE: CNTE