Autora do PL da Mordaça tenta emplacar outro projeto contra a Educação

A deputada distrital Sandra Faraj (SD), mais uma vez, afirma sua maneira de enxergar a escola pública e os educadores com base nos princípios do Movimento Escola Sem Partido. Ou seja, existe um pensamento único com relação à educação e nenhum diálogo com os professores da rede, além de se inventar temas transversais absurdos.
Na terça-feira (14/6), por iniciativa da deputada, a Câmara Legislativa aprovou, em primeiro turno, o Projeto de Lei (PL) nº 137/2015, que dispõe sobre a inclusão do tema “valores de ordem familiar” como conteúdo transversal nos currículos da rede pública de ensino fundamental e médio do Distrito Federal.
Em poucas linhas, o projeto em si é bastante simples, mas denota, em sua justificação, claramente o que se quer fazer. O PL é uma crítica ao trabalho dos professores, focando apenas a escola pública.
Em determinado trecho do PL, Faraj afirma que “A abordagem da doutrinação na educação de valores está presente em todas as disciplinas do currículo escolar, contudo no decálogo da educação em valores, não está inserido o tema transversal sobre “Valores de ordem familiar”, inspirada nas práticas de formação religiosa, crenças e comportamento ou vivências morais da família”.
Além de rotular os(as) professores(as) de doutrinadores, novamente a deputada Faraj tenta cercear a educação e também condicioná-la a critérios absolutamente subjetivos de valores de família. “O professor não dá aula para apenas um aluno, e sim para 30 ou 40 de diversas expressões religiosas, bem como de diversas formas de entender os seus valores. Como nós vamos, como educadores, atender à diversidade de valores que constitui o universo de uma sala de aula?”, indaga o diretor do Sinpro-DF, Cláudio Antunes. Segundo o dirigente, o propósito do PL parece ser o de suprimir a diversidade e o papel da Educação – que é o de trabalhar conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, de forma que este conhecimento possa interagir e transformar a sociedade de hoje numa melhor. “Neste aspecto, não cabe ao professor desenvolver papel de pai ou de mãe no espaço da escola, pois este papel é da própria família”, completa.
Mais uma vez a deputada Sandra Faraj desrespeita os professores da rede pública de ensino do DF. Ela não entende o professor como um servidor público que tem responsabilidade constitucional – a qual ela pretende distorcer com seus projetos, adequando a Educação ao que ela, Faraj, entende como apropriada. Os(as) professores(as) cumprem, sim, os parâmetros estabelecidos e não aqueles distorcidos que a deputada tenta empurrar para a sociedade.
Os educadores não podem ficar reféns de projetos como este, pois há um programa curricular e um projeto pedagógico para ser desenvolvido. “A categoria deve ficar alerta e acompanhar o desenrolar deste PL na Cãmara Legislativa. A qualquer momento, o Sinpro poderá convocar uma atividade para fazer valer o direito de a categoria ser ouvida”, disse Cláudio Antunes.
Dos 13 parlamentares presentes à sessão da terça-feira, os deputados Ricardo Vale (PT), Professor Reginaldo Veras (PDT) e Chico Leite (Rede) votaram contra o PL. A análise em segundo turno não tem data marcada, mas pode acontecer até o dia 30, quando ocorre a última sessão legislativa do semestre.
É sempre bom lembrar que Sandra Faraj é autora do PL da Mordaça – outra perversidade do Escola sem Partido contra a educação e educadores -, que só não foi à frente graças à ação do Sinpro-DF e dos(as) professores(as), manifestando sua indignação nas ruas e junto aos demais parlamentares da Câmara Legislativa.
Escola sem Partido – Propostas inspiradas no Escola Sem Partido partem da premissa de que os alunos constituem uma “audiência cativa em sala de aula”. Esta analogia com um cativeiro é levada ao extremo por esse movimento, que chega a falar em Síndrome de Estocolmo – este é o título de umas das seções do site dessa organização – para se referir à relação emocional estabelecida entre os professores e seus alunos.
Resumidamidamente e em termos bem simplistas, os professores seriam os agentes de um ‘sequestro intelectual’ dos alunos, que, por sua vez, se apegariam aos seus captores, a ponto de defendê-los, enquanto seus libertadores – no caso a própria Escola Sem Partido – estariam tentando resgatá-los.
O discurso do Movimento Escola Sem Partido, ao difundir essa visão absurda da figura do professor, não poderia gerar nada além de ódio a toda a categoria profissional. Esse movimento chega a afirmar que professores não são educadores, removendo o que há de mais caro à profissão docente.
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