Até um dia, poeta! <3

Foi-se deste plano Thiago de Mello, aos 95 anos, o mais conhecido dos poetas amazonenses. Ele cantou em verso e prosa sua luta pela preservação da Amazônia, além de ter lutado contra a ditadura militar.

Thiago de Mello abandonou a faculdade de medicina para ingressar na diplomacia na década de 1950. Trabalhou como adido cultural na Bolívia e no Chile, e sua carreira foi interrompida pelo golpe de 1964.

Em abril de 1964, Thiago escreveu Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente), poema cujas estrofes são “artigos” de um ato institucional, e que se conclui assim:

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Os Estatutos do Homem foi incluído no livro “Faz Escuro, Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar”, publicado em 1965.

Thiago de Mello se engajou contra a ditadura, o que lhe custou o emprego, a liberdade (chegou a ser preso) e a vida longe de sua Amazônia natal: ele se exilou em países como Argentina, Portugal e Chile, onde vivia o amigo Pablo Neruda, cujos livros o brasileiro traduziu para o português.

Ao voltar ao Brasil, Thiago de Mello foi morar no Amazonas.

O diretor do Sinpro Jairo Mendonça lembrou que Thiago de Mello “é um dos poetas mais respeitados do mundo. Seus livros foram traduzidos para mais de 30 idiomas. Sua poesia tinha a característica do compromisso: “Poesia comprometida com a minha e com a tua vida”, é um dos títulos do livro dele.

Thiago de Mello morreu, segundo o relato de familiares, dormindo.

Obrigado por tudo, Thiago! Siga para a luz! Até um dia!

Thiago de Mello: PRESENTE!