Assim como Bolsonaro, Ibaneis pode virar hashtag de denúncia
#BolsonaroVergonhaDoBrasil e #BolsonaroVergonhaMundial foram alguns dos temas mais falados no Twitter nesta terça-feira (21/9), após o presidente Jair Bolsonaro discursar na Assembleia Geral da ONU.
Em um Brasil marcado pelo desemprego, pela fome, pela investigação de um dos maiores casos de corrupção (CPI da Covid-19), pelo desmantelamento dos serviços públicos e por tantos outros retrocessos, Bolsonaro criou um cenário utópico e ocultou dados oficiais de organizações intergovernamentais como a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No relatório Education at a Glance 2021, publicado no último dia 16 de setembro, a OCDE mostrou que o piso salarial dos professores do ensino fundamental no Brasil é o mais baixo entre os 40 países pesquisados. Segundo o estudo, enquanto em países como a Alemanha, por exemplo, professores desse nível recebem salário inicial de 70 mil dólares por ano, no Brasil, o valor médio é de 13,9 mil dólares por ano.
“Esse relatório da OCDE, por si só, desmascara o discurso de Bolsonaro. Nenhum país que vai bem, como pregou falsamente o presidente, tem o flagrante da precarização da Educação. Embora Bolsonaro não tenha citado a Educação em seu discurso, é preciso entender que esse setor está, direta ou indiretamente, ligado a todos os outros setores do país, e é por isso que é tão atacado pelo governo federal. Aliás, o combate à desinformação, que vem sendo propagada sem limites pelo presidente da República, e a superação de um cenário bem diferente do apontado por Bolsonaro na Assembleia da ONU passam necessariamente pela Educação”, afirma a dirigente do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.
Ela afirma que o ataque à Educação vem sendo feito sistematicamente pelo governo federal e copiado por governos locais, como o do Distrito Federal, “seja no campo financeiro, com o corte de verbas ou o desinvestimento, como no campo ideológico, com propostas e projetos que impõem uma educação mercantilizada, tecnicista e incapaz de emancipar”.
A dirigente sindical lembra que uma das formas de precarização da educação realizadas tanto pelo governo federal como pelo Governo do Distrito Federal está no arrocho salarial dos professores/as da rede pública de ensino.
No último dia 3 de setembro, o governador Ibaneis Rocha protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstucionalidade (Adin), com pedido de medida cautelar, para suspender processos e a eficácia da lei que determina o pagamento da última parcela do reajuste salarial concedido ao magistério público em 2012, devida desde setembro de 2015. Assinada pelo próprio governador, a Adin não só mostra que o GDF se recusa a pagar a parcela em atraso, como também quer tornar ilegal a lei que assegura o pagamento da dívida, já declarada constitucional pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). “E isso em um cenário em que a categoria está há sete anos sem reajuste salarial”, lembra.
A iniciativa de Ibaneis Rocha foi rebatida pelo Sinpro-DF de imediato, e nesta terça-feira (21/9) o STF negou o pedido do GDF.
A dirigente do Sinpro-DF Letícia Montandon também denuncia o ataque ideológico à Educação, feito tanto na esfera federal como na distrital.
“Aqui no DF, assim como em âmbito federal, além da tentativa de colocar mordaça nos professores e professoras, a base aliada a Bolsonaro e a Ibaneis Rocha na Câmara Legislativa apresenta projetos como o Programa Bolsa do Estudante e o Programa Voucher Educação, que pretendem transferir recursos públicos para a iniciativa privada. Juntos, esses projetos querem transformar a Educação em uma mercadoria que dê lucro à iniciativa privada, embora a Educação seja um direito de todos e todas”, explica.
Para Letícia Montandon, as hashtags que viralizaram nesta terça-feira (21/9) após o discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU poderiam também ser adaptadas para a situação local. “O que vem acontecendo aqui no DF também é grave. Além do ataque à Educação, ainda temos o alinhamento a uma política antipovo, que vem gerando danos sérios para a população do DF”, avalia.