Assembleia de Mulheres avalia os 20 anos da Plataforma de Pequim

Em 2015 completam-se 20 anos da Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, realizada em Pequim. Este é um dos mais importantes documentos já produzidos com o objetivo de direcionar ações para alcançar a igualdade de gênero e eliminar a discriminação contra mulheres e meninas em todo o mundo. Na Assembleia de Mulheres da Internacional da Educação, sindicalistas tiveram a oportunidade de debater os avanços e os desafios pendentes da Plataforma.
Sugan Hopgood, presidente da Internacional da Educação abriu o encontro afirmando que houve muitos avanços, mas há ainda 58 milhões de crianças fora da escola, na maioria meninas. Disse que há muito o que fazer pelo empoderamento de mulheres. “Devemos lembrar que gênero e equidade sejam reconhecidos como uma questão de poder.”
Juçara Dutra Vieira, presidente do Comitê de Mulheres da Internacional da Educação disse que é uma derrota que os objetivos de Pequim não tenham sido atingidos após 20 anos. “Eram objetivos plenamente alcançáveis.Teremos que retomar o debate e redirecioná-los tornando-os mais exigentes. Teremos que avançar, apesar da conjuntura desfavorável imposta pela crise econômica e o movimento por privatizações”.
Juçara, que é também vice-presidente da Internacional da Educação, avaliou a sua gestão a frente do Comitê de Mulheres. “Ganhamos em organização e funcionalidade, consolidamos a política de gênero, introduzindo a paridade na Internacional da Educação. Também conseguimos um alto índice de retorno das entidades filiadas, do questionário para produção de relatorio quadrienal, possibilitando um planejamento mais eficaz. E finalmente, conseguimos consolidar as Redes de Mulheres por continente, que são fundamentais para promover o empoderamento de mulheres, e realizar duas Conferências Mundias de Mulheres da IE”, comemorou.
A professora do Instituto de Educação da Universidade de Londres, Elaine Unterhalter, disse que a pobreza é um dos principais barreiras que impediram alcançar os objetivos da Plataforma de Pequim, nas metas de acesso à educação de meninas. “A pobreza leva à evasão escolar, a exploração do trabalho infantil, gravidez precoce, casamentos forçado.” Elaine acrescentou que é preciso construir uma agenda mais ampla, com estratégias para defender direitos das mulheres e meninas, e que os professores devem ser aliados na política de igualdade de gênero nas escolas. Para Tepoista Malyaga, de Uganda, “não há nada que não possa ser corrigido na educação, se tiver a ajuda dos professores.”
Poder e equidade
Sobre a presença de mulheres nos espaços de poder e mercado de trabalho, a Lily Elkelsen Garcia, primeira mulher latina presidente do sindicato de professores dos EUA, disse que é preciso dar à mulher “confiança no seu próprio poder” e a Mariane, segretária geral do sindicato de professores da Suécia, lamentou “muitos perguntam como concilio o trabalho no movimento sindical e o meu papel de mãe. Nunca vi ninguém perguntar a um homem como consegue ser pai e trabalhar. Esse sexismo tem que ser eliminado”.
A delegação da CNTE participou do trabalho de grupo promovido pelo representante da organização Laço Branco de homens contra violência contra as mulheres, onde pode apresentar sugestões sobre como envolver os homens nos trabalhos de igualdade de gênero. O Laço Branco no Canadá atua em escolas conscientizando meninos entre 6 e 16 anos sobre a igualdade.
Juçara encerrou o evento chamando a atenção aos desafios discutidos e de uma oportunidade imediata: a de fortalecer as Redes de Mulheres da EI, lembrando que embora sejam ferramentas virtuais, são reais em termos de comunicação e interação.
A Assembleia de Mulheres faz parte das atividades que antecipam o 7 Congresso da Internacional da Educação, realizado de 22 a 26 de julho, em Ottawa, Canadá. Cerca de 500 sindicalistas de mais de 150 países participaram da reunião. A Internacional da Educação representa 32 milhões de educadores no mundo e defende a educaçao como um direito humano e um bem público.