Por que celebrar e lutar pela independência

Há poucos dias, comemoramos os 201 anos de independência do Brasil. Um fato importante, este ano, foi o resgate da data, que havia sido sequestrada por interesses privados de uma setor da sociedade capitaneado pelo bolsonarismo. Em 2023, o Dia da Independência voltou a ter caráter de celebração nacional, ou seja, de todos os brasileiros e brasileiras, e não uma festa particular de autoexaltação de uma pequena parte.

Para além de recuperar esse significado, a noção de independência é muito cara para as elaborações do campo progressista, tanto num nível macro – como quando falamos de um país – como no micro, nas relações interpessoais.

O feminismo, por exemplo, fala há muito tempo sobre a necessidade de se construir a autonomia das mulheres sobre seus corpos e suas vidas. Isso significa que as mulheres são donas dos próprios corpos para vestirem o que quiserem e para que ninguém as toque sem seu consentimento. Também significa que a autonomia financeira das mulheres, ou seja, garantir-lhes a renda necessária para que cuidem de si e de seus filhos, é, por exemplo, um passo importante para combater a violência doméstica. Quando elas são donas da própria vida, é menor a chance de ficarem reféns de um ciclo violento de relações intrafamiliares.

Num âmbito mais geral, hoje em dia, falar da independência de um país nos leva a pensar no conceito de soberania. Um país soberano toma e encaminha decisões sem interferência dos interesses de outros países. Um país soberano cuida de seu meio ambiente, da sua população mais vulnerável, de sua Saúde, de sua Educação, de sua Economia de acordo com os interesses de seu povo, sem sofrer chantagens políticas ou econômicas internacionais.

Para a formação de uma criança, construir sua autonomia é fundamental. Ter seu pensamento livre, conforme seus princípios, conforme sua vivência, seus valores. Confrontar seus valores com os do colega, expor-se à convivência, tudo isso constrói a identidade de um ser humano, constrói sua autonomia. E a escola é um espaço fundamental de mediação desse encontro: o indivíduo com ele mesmo, para que ele possa ser livre.

Assim dizendo, podemos associar a noção de independência com autonomia e soberania. E a consequência de todas elas é a liberdade. Por um país livre, de homens e mulheres livres. Que sempre celebremos a liberdade nos 7 de setembro vindouros.

 

*Por Rosilene Corrêa, dirigente da CNTE.