ARTIGO | Golpe

Ao exaltar o GOLPE, o obscuro governo de Jair Bolsonaro mostra (mais uma vez) qual a sua verve. É um governo nascido de um GOLPE, que enaltece o mais tenebroso dos golpes como sua memória construtiva

 

(*) Por Rodrigo Rodrigues

 

É vergonhosa a nota publicada no site do Ministério da Defesa chamando de “Movimento de 1964” o GOLPE que mergulhou o país em 21 anos de uma DITADURA corrupta, assassina e anti-democrática. Uma página vergonhosa da nossa história.

Mas o que esperar de um governo nascido nas entranhas do GOLPE que derrubou a presidenta Dilma em 2016 e impediu Lula de disputar as eleições em 2018? Eleições essas que foram tuteladas por militares aboletados em espaços estratégicos do TSE, tutelando decisões da corte que sustentassem a continuidade do GOLPE. 

A nota ainda evoca a celebração do bicentenário da Independência, outro fato histórico que podemos classificar como golpe. Golpe duplo, no caso. Onde Pedro de Alcântara, príncipe português e herdeiro da coroa do império ultramarino, torna “independente” a antiga colônia, mas a mantém sob seu comando como uma esdrúxula monarquia tropical d’além-mar. Um golpe que contou com o apoio dos militares, e foi contra o povo.

Golpe, aliás, é o tema central de (quase) todos os momentos de ruptura da história brasileira. Vejamos nossa república, que foi proclamada num GOLPE promovido por militares em deposição da monarquia de Pedro II. Golpe conduzido por militares e apoiado pelo agronegócio da época, por meros interesse comerciais, em que a população assistiu bestializada sem nada entender ou ter participação. Com esse golpe, nossa república já nasce sob as sombras de uma ditadura militar que foi conduzida por dois Marechais.

Raros os momentos em que a democracia se impôs e o povo foi incluído. Como foi a eleição do presidente metalúrgico; um trabalhador, nordestino retirante que escapou da fome. Lula é de novo a esperança de um povo que se vê alijado das participações daquilo que deveria ser uma república, mas não é.

Mas será pelas vias democráticas que conseguiremos restaurar alguma soberania para o Brasil, um mínimo de dignidade para as pessoas que constroem nosso país no dia a dia, com seu suor, sangue, lágrimas e alegrias.

Ao exaltar o GOLPE, o obscuro governo de Jair Bolsonaro mostra (mais uma vez) qual a sua verve. É um governo nascido de um GOLPE, que enaltece o mais tenebroso dos golpes como sua memória construtiva.

Por isso, temos que ir às ruas no dia 9 de abril para dizer BOLSONARO NUNCA MAIS! Contra o aumento do gás de cozinha e dos combustíveis. Não à fome e ao desemprego. Por democracia. Por mais saúde e mais e melhores serviços públicos para a população. Por um Brasil democrático. E por Lula Presidente!

*Rodrigo Rodrigues é professor de História da rede pública de ensino do DF e presidente da CUT-DF

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