APLICAÇÃO DO ENEM E A PANDEMIA DA COVID-19

A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus no Brasil, acendeu em todos um sinal de alerta. No ambiente educacional, a preocupação com as mudanças propostas pelo novo “normal” assusta e coloca enormes desafios a professores(as), estudantes, e comunidade escolar. 

No ano de 2020,  salas de aulas foram substituídas pelo ambiente virtual, aulas presenciais já não são mais uma realidade para o futuro. Junto com a pandemia, como se não bastasse os lamentáveis casos diários de óbitos e mortes, o desafio de migrar para o espaço digital oferece uma realidade longe para estudantes e professores (as) em todo o país. O acesso remoto e uso da tecnologia diante do caos, passou a ser uma forte variante no ensino remoto. Atividades diárias, avaliações, material extracurricular e o monitoramento dos estudantes, foi assim para milhares de profissionais da educação. 

Diante de tamanhas incertezas e com o crescimento acelerado da pandemia, o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio -ENEM, era cogitado e solicitado por estudantes, professores(as) e sociedade civil. Após incansáveis pressões feitas por movimentos sindicais, movimentos estudantis e parlamentares, em julho de 2020, o MEC anunciou o adiamento das provas para janeiro e fevereiro de 2021, definida após quatro meses depois da suspensão das aulas presenciais e fechamento das escolas em todo o Brasil devido a disseminação do coronavírus.  Previsto para ser aplicado em novembro de 2021, com a suspensão das aulas e o avanço desenfreado da pandemia, o adiamento só aconteceu após questionamentos judiciais que chegaram ao Congresso e aprovado pelo Senado Federal um projeto que adiava o ENEM 2020.

 

REALIZAÇÃO DOS EXAMES E A INSISTÊNCIA EM APLICAR A PROVA

 

No último final de semana,  milhares de pessoas  saíram de suas casas para a realização do exame que garante o ingresso ao ensino superior através da ENEM. Ao todo, cerca de 5,8 milhões de estudantes  foram inscritos para fazer as provas. Mas somente 2.680.697 candidatos fizeram a prova – 48,5% dos inscritos.

 Por conta da pandemia da Covid-19,o  Inep, órgão organizador do exame, divulgou um protocolo sobre a Covid-19 que reduziria a capacidade das salas para manter um distanciamento mínimo entre os candidatos. Mas na prática, o que muitos candidatos presenciaram, foi a falta de respeito e o não cumprimento do básico, anunciado pelo Inep. Em diversos posts nas redes sociais, é possível ver candidatos em todo o país insatisfeitos com o tratamento  dado diante de um momento caótico que o país vem enfrentando. Veículos de comunicação por todo Brasil, acompanhava em tempo real os estudantes reclamando que na prática não havia isolamento entre um candidato e outro, levando até mesmo muitos estudantes a não realizar o exame, o que é um verdadeiro absurdo. 

 De acordo com dados divulgados pelo INEP, o índice  de abstenção em todo o país foi de 51,5%, o maior de  abstenção em toda a história do Enem. O maior índice havia sido registrado em 2009, com 37,7%. Em 2019, o índice do primeiro dia ficou próximo a 23%,  de acordo com o ministro da educação, Milton Ribeiro. 

 Em cidades pelo Brasil, vários estudantes foram barrados e não conseguiram realizar o exame devido a lotação das salas de aula. Em Curitiba, por exemplo, estudantes realizaram um boletim de ocorrência. Leia aqui os depoimentos e casos por todo o Brasil. 

Analisando o cenário enfrentado pelos (as) candidatos do exame, o diretor do Sinpro-DF Raimundo Kamir, ver que a irresponsabilidade é o mínimo que pode dizer da realização da prova do Enem. “Estudantes sem aulas presenciais e com enormes dificuldades de conexão para estudar  nas aulas virtuais. Além da dificuldade em se preparar para esta edição do exame, ainda foram forçados a se submeter aos riscos de contágio da pandemia, seja na aglomeração do ambiente das provas, seja na locomoção em ônibus, trens e metrôs. A enorme abstenção demonstrou  que o Governo Federal deve ser responsabilizado pelos prejuízos causados aos estudantes e população e aos  cofres públicos”, afirma o diretor.  

Para se ter uma ideia, a abstenção de 2,84 milhões de candidatos do Enem 2020, número que representa pouco mais da metade (51,5%) dos inscritos, gera um desperdício de R$ 332,5 milhões aos cofres públicos. Isso porque o custo da prova, neste ano, foi  de R$ 117 por aluno.

Esse valor desperdiçado é quase o dobro de tudo o que foi gasto em 2020 com a Bolsa Permanência, programa de auxílio a alunos de baixa renda em universidades públicas. No ano inteiro, foram empenhados R$ 180 milhões neste subsídio.

O cálculo é o mesmo utilizado pelo Ministério da Educação nos últimos anos para divulgar o desperdício de verba causado por alunos que se inscreveram, mas não compareceram à prova. Ele pega o total gasto na prova (neste ano, R$ 682 milhões) e divide pelo número de candidatos (5,783 milhões de inscritos). Assim, o custo por aluno da prova por aluno em 2020 é de R$ 117. Esse valor vezes o número dos que não foram ao exame (2.842.332) dá o total do desperdício: R$ 332,5 milhões. 

Com informações : O Globo

 

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