Apesar das crises no Inep, UNE pede para estudantes fazerem o ENEM

O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio surgiu em 1998 como uma ferramenta para avaliar a qualidade do Ensino Médio no Brasil. Uma melhor colocação do(as) alunos(as) significaria que tiveram um ensino de melhor qualidade durante essa etapa, contribuindo para um posicionamento melhor de suas escolas pelo Ministério da Educação. No entanto, com a evolução deste instrumento de avaliação, o ENEM passou a ter outra função bastante importante: para o aluno, o resultado da prova serve como acesso ao ensino superior em universidades públicas e privadas brasileiras, possibilitando diminuir uma barreira no acesso à educação superior de acordo com a nota alcançada.

Mesmo diante de tanta importância, o governo federal tem tratado este instrumento com extremo desprezo, a exemplo do que tem feito com a educação. Desde 2021 o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organização responsável pelo Enem, passa por constantes crises, o que pode afetar diretamente o futuro do Exame. A União Nacional dos Estudantes (UNE), a exemplo do Sinpro-DF, tem denunciado todo descaso do governo Bolsonaro e luta para que o Enem continue sendo este importante instrumento para a democratização da educação.

Confira a matéria da CNTE que aborda a temática:

 

DESMONTE

 

2022 08 03 educacao

Descaso é o nome que especialistas dão para o governo federal em relação ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organização responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que passa por uma crise atrás da outra. A União Nacional dos Estudantes (UNE) denuncia que o Enem pode correr sérios riscos se os alunos deixarem de fazer o exame.

De acordo com a presidenta da UNE, Bruna Brelaz, o Enem é um instrumento poderoso da democratização do acesso ao ensino superior e os estudantes não podem deixar que desmontem ainda mais este direito. “Acaba por atrasar cronogramas, principalmente de segurança, e não podemos prever os impactos na prova, na correção, nos resultados, mas sabemos que ano após ano o MEC está enfraquecido e aparelhado pelo governo Jair Bolsonaro. Mas mesmo assim, aconselhamos os estudantes: façam a prova e não deixem que o governo precarize mais o exame para justificar o seu fim”, destacou.

A crise no Inep não é nova: em 2021, faltando poucos dias para a prova, ocorreu uma demissão em massa de mais de 30 servidores do instituto responsável por um dos exames educacionais mais complexos do mundo.

O Brasil é um país de dimensões continentais, que sofre com a desigualdade de suas diferentes regiões, mas que precisa aplicar uma prova de maneira equânime e simultânea para todos. É papel da equipe de coordenação do Inep, por exemplo, garantir a segurança deste processo, não apenas nas etapas anteriores à prova, mas principalmente durante sua execução.

Enem 2022

Ao todo, 3.396.632 pessoas estão inscritas, considerando as duas versões (impressa e digital), mas a presidenta da Une afirma que é um número bem baixo de inscritos devido a situação do país e a desorganização do Ministério da Educação (MEC).

“É um número baixo em comparação aos anos anteriores, só perde mesmo para 2021. Nem a estabilidade da crise sanitária e a volta às aulas presenciais conseguiram reverter a situação. Há a instabilidade econômica, perda de recursos de assistência estudantil e a falta de direcionamento no MEC para fortalecer o Exame”, disse Bruna.

Em uma matéria publicada no site do Jornal da USP, Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e ex-Ministro da Educação, disse que a situação atual é vista “com muita preocupação”.

A crise na gestão “indica realmente que nem o Inep nem o MEC dão a devida importância a esse exame que é o segundo maior do mundo, somente superado pelo Gaokao, na China”, alerta Janine Ribeiro.

De acordo com o professor, a diminuição no número de inscrições em relação aos anos anteriores, em especial dos estudantes mais pobres, já dava o alerta para a edição de 2022.
“O fato de haver poucas inscrições indica um certo desânimo”, comenta o ex-ministro. “É possível que muitos alunos de escola pública acreditem que não vão poder concorrer por causa do ensino de pouca qualidade oferecido durante a pandemia”, destaca Janine.

Sobre as mudanças no INEP

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Danilo Dupas, pediu demissão no último dia 27 de julho. Ele alegou motivos pessoais para deixar o cargo. Desde o dia 1º de agosto, o diretor Carlos Moreno é o presidente do instituto. O anúncio foi feito na mesma quarta-feira (27) pelo ministro da Educação, Victor Godoy, por meio do Twitter.

Fonte: CNTE

 

 

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