Apenas 11% dos estudantes do ensino médio aprendem matemática
Os alunos das escolas brasileiras não estão tendo o aprendizado adequado, conforme apontam dados divulgados nesta quarta-feira em São Paulo pelo movimento Todos Pela Educação. Apenas 11% dos estudantes que terminam o terceiro ano do ensino médio estão tendo aprendizado apropriado em matemática e apenas 14, 8% dos que concluem (8º ou 9º ano) o ensino fundamental. Quando o aprendizado é avaliado em língua portuguesa o desempenho é um pouco melhor, embora ainda seja muito baixo. Os alunos que terminam o ensino médio (3º ano) com aprendizagem adequada são apenas 28, 9%. Na conclusão do ensino fundamental o índice não passa de 26, 3% e entre os alunos de 5ª/4ª séries chega a 34, 2%.
Os dados fazem parte do relatório “De olho nas Metas”, divulgado nesta quarta-feira, que é elaborado anualmente pelo Todos Pela Educação, grupo de especialistas e interessados em educação que acompanha cinco metas que tratam de acesso: alfabetização até os 8 anos de idade, aprendizado adequado à série, conclusão na idade correta e do financiamento e gestão da educação em todo o País. A mais importe sugere que “até 2022, 70% ou mais dos alunos terão aprendido o que é adequado para a sua série”. Se a evolução atual for mantida, o Brasil só vai atingi-la em 2050.
Embora nenhuma das séries avaliadas esteja próxima da meta estabelecida, no 5º e no 9º ano do ensino fundamental houve melhora em comparação ao primeiro dado do Sistema de Educação Básica (Saeb), de 1999. No ensino médio atualmente 28, 9% atingem o objetivo para a etapa, enquanto eram 27, 6% há 10 anos, mas em matemática eram 11, 9%, e hoje são 11%. “Isso significa que 89% das nossas crianças estão concluindo a educação básica sem aprender o mínimo”, explicou Priscila Cruz, diretora executiva do Todos pela Educação.
Para o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), o fato de estar havendo uma evolução, embora pequena, no aprendizado do português isso não deve ser atribuído à qualidade do ensino da língua portuguesa nas escolas. Segundo ele, o português está associado à educação familiar. “Se a família fala um pouco melhor, a criança aprende. Matemática depende da escola, o que significa que ela não está ensinando”, concluiu.
Também presente à divulgação do relatório do Todos Pela Educação, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, admite o atraso no ensino médio e explica a avaliação pela herança histórica. “Não são só 10 anos que se perderam, são 500 anos perdidos. Muitas gerações foram desperdiçadas. O que fazemos hoje para tentar recuperar é o Prouni, a Educação de Jovens e Adultos”, apontou. Entre as soluções propostas, a principal continua sendo a necessidade uma política pública efetiva de formação e valorização do professor.
Com informações do site da Globo