“Ao atacar a educação, governo ataca as mulheres”

A ausência de investimento na educação pública do Brasil é uma das principais formas de atacar as mulheres do país. A avaliação é da diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa, feita durante o debate sobre “A vida das mulheres trabalhadoras em meio à crise econômica gerada pelos governos federal e distrital”. A atividade foi realizada pela Central Única dos Trabalhadores do DF (CUT-DF), neste sábado (26/02), no Parque da Cidade, como parte do calendário de lutas pelos direitos das mulheres.

Rosilene Corrêa destacou que o ataque à educação, realizado com a desvalorização de professoras(es) e orientadoras(es) educacionais, com o sucateamento das escolas e a carência de políticas públicas para o setor, vem sendo realizado tanto pelo governo federal como pelo governo distrital. Ela lembrou que as mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado das crianças e de outras pessoas que moram na mesma casa, e que, por isso, também são atingidas quando a oferta plena de educação pública é negada.

“Aqui no Distrito Federal, por exemplo, não houve construção de novas creches nos últimos quatro anos. A creche é sim direito das crianças, mas é também uma ferramenta essencial para que as mulheres possam estar inseridas no mercado de trabalho e garantam a emancipação financeira”, disse a dirigente sindical.

Para a secretária de Mulheres Trabalhadoras da CUT-DF, Thaísa Magalhães, a “educação é primordial para acabar como machismo e o racismo no país”. “A escola é um dos principais espaços de conversa sobre como não construir uma sociedade violenta. Não se transforma o mundo com punitivismo. Numa sociedade apenas punitivista, as mulheres continuam morrendo. O que precisa ser feito é um trabalho de conscientização, para que as pessoas consigam coexistir. E isso deve ser ensinado nas escolas”, avalia a dirigente sindical, que é professora da rede pública de ensino do DF.

Além de professoras, o debate realizado debaixo de árvores do Parque da Cidade contou com a participação de trabalhadoras do comércio, dos Correios, de comunicadoras, artistas, servidoras públicas.

Nas falações, elas lembraram que o machismo e o sexismo atingem às mulheres historicamente. Entretanto, destacaram que, nos últimos quatro anos, o Brasil foi palco de uma crescente exponencial dessas práticas. Uma onda reacionária respaldada por discursos e políticas do governo Bolsonaro, apoiado e alinhado com o Governo do Distrito Federal.

Embora o cenário imposto pelos governos federal e distrital, o debate realizado neste sábado também resgatou a esperança.

Para Rosilene Corrêa, a transformação necessária pra que o Brasil não seja mais marcado pela violência e as injustiças cometidas contra as mulheres passa também pela ocupação de espaços de poder pelas próprias mulheres, sobretudo no parlamento.

E há ainda a esperança que está na própria resistência. “A esperança nasce quando caminhamos juntas. E é a força dessa caminhada que não deixa a gente desistir. Sozinha, a gente não dá conta”, refletiu a secretária de Mulheres da CUT-DF, Thaísa Magalhães.

Marcha no 8 de março
A primeira grande manifestação de massa de 2022 será protagonizada por mulheres, no dia 8 de março – Dia Internacional de Luta por Direitos das Mulheres. Uma das principais vítimas da violência, da miséria, do desemprego, da injustiça, elas marcharão com o lema “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome”. As ações serão em todo o Brasil. No Distrito Federal, a concentração para o ato será às 17h, no Museu da República. De lá, as mulheres seguirão em marcha pela Esplanada dos Ministérios, até a Alameda das Bandeiras.

A organização do ato orienta que as participantes sigam os protocolos de segurança sanitária, com utilização de máscara tampando boca e nariz, além de higienização das mãos com álcool 70% e distanciamento social. Para este ano, também é orientada a ida apenas de mulheres que estiverem com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo. Para essas pessoas e aquelas que apresentarem sintomas da doença, como tosse, dor de cabeça, coriza e febre, a marcha do 8 de março poderá ser acompanhada pelas redes sociais do 8M DF e entorno (Instagram | Facebook | Youtube ).

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