Antônio Guillen, do PSTU, irá extinguir os cargos comissionados e expropriar toda a riqueza roubada

O candidato do PSTU ao Governo do Distrito Federal (GDF), primeiro entrevistado da tarde desta terça-feira (21/8), o professor da Secretaria de Estado da Educação (SEEDF) Antônio Guillen, disputa o cargo com um programa de governo completamente diferente dos outros 10 postulantes ao Palácio do Buriti.
“As empresas e instituições públicas devem ser geridas pelos próprios servidores, eleitos em seus locais de trabalho. Precisamos acabar com esse toma-lá-dá-cá que prevalece até hoje. No nosso governo não haverá cargos comissionados. Vamos extingui-los”, disse.
O professor Antônio Guillen tem 57 anos. Fundador do PSTU, sai sem coligação, na denominada chapa pura. Ele respondeu às perguntas dos sindicatos de servidores do GDF, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Bancários e de jornalistas do portal.
Ele elogiou a iniciativa e apresentou sua proposta apontando de onde retirará recursos financeiros para viabilizar seu governo, caso seja eleito. “Muito candidato propõe, mas não explica como fazer. Meu partido se preparou. Estudamos o DF”, informou.
Serviço público
Guillen disse que o o governo do PSTU irá respeitar os servidores e garantiu que “nenhuma medida da minha gestão será autoritária”. Prometeu “extinguir todos os cargos comissionados” e assegurou que “os servidores públicos têm condições técnicas para dar andamento à máquina pública”.
Ele disse que irá cancelar a privatização de todas as empresas e serviços que o atual governo pôs na mão da iniciativa privada. Defendeu o BRB público, como um banco de desenvolvimento e fomento. “Será comandado pelos próprios servidores. Isso ajudará a desenvolver a economia local”, afirmou.
Questionado sobre o posicionamento do PSTU em relação ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), ele disse que o partido não apoiou o golpe de 2016 e que, na época, defendeu eleições gerais.
Lula e a Lava Jato
Embora o posicionamento do PSTU seja favorável à Operação Lava Jato, Guillen disse que o partido é contra a operação e os julgamentos seletivos que estão ocorrendo no âmbito dessa operação da Polícia Federa. E declarou que não deve haver críticas aos casos descobertos pelas ações policiais porque a corrupção é grave”, observou. “A Lava Jato não pode ser seletiva. Tem de prender políticos corruptos”. “A Justiça não pode ser lenga lenga: tem de prender e devolver tudo o que foi roubado”, assinalou o postulante ao governo do DF.
Terceirização
Contra a terceirização dos serviços públicos, ele a considera um grande ralo e objeto de desvio de dinheiro público e defendeu auditorias nos contratos firmados entre os governos e a iniciativa privada. “Vou auditar todos os contratos terceirizados e vamos atacar firmemente a terceirização. No meu governo não haverá terceirização. Não haverá subsídio para empresários”, avisou. “A privatização e a terceirização são o ralo do dinheiro público para a corrupção”.
Ele diz que no seu eventual governo irá passar um pente-fino nos contratos públicos e que essa será uma das primeiras medidas a ser adotada. “Existe lei para tudo. Se uma empresa estiver devendo, pode confiscar os bens. Não pagou imposto? Roubou? Vai ter de devolver.”
Corrupção
Além do combate à corrupção, ele disse que irá pôr em curso medidas para reforçar os cofres públicos e, uma delas, é cobrar os débitos de empresas privadas, eternas devedoras do Estado. Informou que essas propostas têm como base um levantamento do PSTU no qual foi identificado que “a dívida de empresários com o GDF é de R$ 31 bilhões e, o Orçamento geral, quase R$ 42 bilhões”.
Educação
Professor da rede pública de ensino, ele diz que ninguém melhor do que o próprio professor para administrar as escolas. Acredita que é necessário mudar o sistema e fazer com que o Estado cumpra seu papel de gerar empregos. “Não precisa reinventar a roda”, declarou.
Emprego, habitação e terras públicas
Uma das propostas do candidato do PSTU é a valorização da Novacap enquanto empresa pública e para gerar empregos com novas obras, reformas. Ele assegurou que, no seu governo, irá investir recursos financeiros públicos na construção de casas populares. No entendimento do candidato, esse é um papel do Estado que não é cumprido porque, historicamente, as terras públicas sempre são destinadas às empreiteiras e à especulação imobiliária para dar lucros à construção civil e imóveis para a classe média. Nada para a classe pobre.
Terra para agricultura
Do mesmo modo que irá investir em moradia para a população carente, Guillen afirma que no seu governo, se for eleito, um dos eixos será o investimento no fomento do trabalho na capital e, um dos setores para isso é a agricultura familiar: “A terra é do povo”.Para ele, é preciso preservar parte do Produto Interno Bruto (PIB) para a habitação. “Queremos dedicar 5% do PIB do DF para moradia. O servidor não precisa pagar esses juros exorbitantes”, declarou Guillen.“O povo tem de fazer uma rebelião. Parar de concentrar riqueza na mão do empresariado”, afirmou o candidato.
Para ele, é preciso atacar a proliferação dos condomínios irregulares na raiz: “Por que o governo não vai atrás dos grileiros? Nós vamos atrás dos grileiros e a população vai ficar chocada. Vamos pegar só os grandões. Vão ver que não tem peão nessa história”, afirmou. “Nosso problema não é que falta terra, mas que a terra tem sido destinada ao empresariado”, disse.
Segurança pública
No tema da segurança pública, o professor condena o trabalho ostensivo e diz que a polícia deverá ser gerida a partir de uma parceria com a população. “A polícia não pode ser usada para reprimir o povo”, pontuou. E diz que, num eventual governo do PSTY, irá usar as forças policiais para apurar irregularidades em pagamentos feitos pelo GDF a empresas privadas. “Podemos usar a inteligência da polícia para auditar os contratos terceirizados”.
Sistema eleitoral
Na segunda parte da sabatina, ele falou de sua história na capital federal e respondeu aos questionamentos de jornalistas do Metrópoles. Indagado se o PSTU era contra o sistema eleitoral vigente, o candidato disse que o partido defende a mobilização social e crê que essa é a única forma de promover mudanças efetivas na sociedade. “Quem gera riqueza é o trabalhador. O trabalhador consciente, organizado, pode fazer qualquer coisa”.
Sinpro-DF
O candidato do PSTU mencionou, como exemplo, a luta da categoria docente e lembrou que, ao longo da sua carreira de professor, nunca viu a categoria conseguir vitórias sem luta. E ressaltou que todas as conquistas da categoria do magistério público no DF foram arrancadas com muita luta. “Cada item do meu contracheque foi conquistado por meio de uma greve”, declarou.
Conscientização
Para Guillen, os trabalhadores precisam ser convencidos de que há possibilidade de mudança e que é preciso inverter a lógica atual, que prioriza o capital em vez do trabalho. Com críticas ao governador do DF, diz que “Rollemberg deu isenção de impostos para as empresas e a geração de emprego despencou. Esse tipo de ação é uma cantilena”, disparou.
Contrário à Parceria Público-Privada (PPP) para a gestão do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, ele defende que o estádio e o seu arredor deve ser destinado ao benefício social e não vê justiça em o governo construir com dinheiro público um equipamento daquele tamanho e, quando está pronto, entregar à iniciativa privada. É essa lógica que ele diz querer acabar.
O candidato, no entanto, sabe que será difícil superar a concorrência na disputa eleitoral. “Se chegarmos ao segundo turno, venceremos de lavada, pois será a prova de que o povo abraçou nossa causa”, finalizou