Sinpro celebra 123 anos do nascimento do educador Anísio Teixeira

Criador das escolas-classes e escolas-parques, largamente adotadas no projeto educacional inicial do Distrito Federal, o educador Anísio Spínola Teixeira nasceu em 12 de julho de 1900. Este ano, a educação comemora os 123 anos de nascimento do educador, que revolucionou a educação pública brasileira ao conceber um sistema ideal de ensino que vai da alfabetização e anos iniciais à universidade Por causa de suas ideias em favor da educação libertária, foi perseguido pelos regimes ditatoriais que sequestraram o Estado brasileiro na segunda metade do século XX.

 

O sistema criado por Anísio Teixeira previa edificações escolares de dois tipos: as escolas-classe, responsáveis pelo ensino da Matemática, Línguas, Ciências, História e Geografia; e as escolas-parque, responsáveis pela Educação Social, Educação Física, Educação Musical, Educação Sanitária, uso da leitura e assistência alimentar. Nesse sistema, as crianças receberiam, num primeiro turno, nas escolas-classe, o ensino convencional e, num segundo turno, frequentariam as escolas-parque.

 

Ele ocupou vários cargos na área da educação no Estado da Bahia e no governo federal. Foi reitor da Universidade de Brasília (UnB) de 19 de junho de 1963 a 13 de abril de 1964, 12 dias após o golpe civil-militar e quatro dias depois que a UnB foi invadida pela repressão dos generais golpistas das Forças Armadas brasileiras. Entrou no lugar do antropólogo Darcy Ribeiro.

 

“Anísio Teixeira foi o campeão na luta contra a educação como privilégio”, disse o sociólogo Florestan Fernandes, em texto destacado no livro “Breve história da vida e morte de Anísio Teixeira – Desmontada a farsa da queda no fosso do elevador”, de João Augusto de Lima Rocha, lançado pela Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba).

Escolas Classe e Escolas Parque

 

Segundo artigo intitulado “Um plano educacional para novo tempo: Anísio Teixeira e as escolas classe/escola parque de Brasília”, de Edilson de Souza, com esse pensamento, o educador buscou materializar, em Brasília, a nova capital do País, os anseios lançados no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932. Ao elaborar o sistema de educação da nova capital, Teixeira tentou fazer da criação de Brasília um marco inicial na execução de um projeto pedagógico que pudesse acompanhar o crescimento da nova cidade.

 

“Tais anseios, nada pequenos, necessitavam de uma reconfiguração socioeconômica, política e cultural que, para obter êxito, devia ser implantada em um local onde a polis e  seu  sistema  de  ensino estivessem iniciando”, escreve Edilson de Souza, citando a Apresentação de  Sousa Junior, na obra “Nas asas de Brasília: memórias de uma utopia educativa (1956-1964)”.

 

Ainda segundo o estudo de Edilson de Souza, esse programa educacional se materializou nas Escolas Classe/Escola Parque de Brasília, na década de 1960, mediante o Plano de Construções Escolares de Brasília, formulado por Anísio Teixeira, apoiado na produção acadêmica do grupo “Educação Básica Pública do Distrito Federal: Origens de um Projeto Inovador (1956-1964)”, que tem em seu acervo a memória dos pioneiros da experiência das Escolas Classe/Escola Parque no Distrito Federal.

 

Antes de adotar o sistema no Distrito Federal, as ideias do Movimento dos Pioneiros da Escola Nova se materializaram nas experiências educacionais de Anísio Teixeira no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em 1950, na Bahia.

 

Escola integral

 

Uma matéria do Jornal Grande Bahia, no entendimento de Anísio Teixeira, a educação tinha de ser integral e a escola não deveria se limitar a ensinar a ler, escrever e contar, e sim procurar desenvolver, na criança, uma série de habilidades, formá-la com “hábitos sadios, inteligentes e belos”, além de prepará-la para uma nova sociedade intelectual e técnica. Na sua concepção, o processo de aprendizagem seria realizado por uma série de atividades, que seriam guiadas pelo interesse do estudante, evitando a fragmentação das matérias e a separação entre a sala de aula e a vida.

A escola, segundo o educador, deveria se preocupar com a criança do povo. Por isso, era necessária uma educação massiva. Para que a escola pudesse realizar esses objetivos, era fundamental preparar o espaço escolar, de tal maneira que pudesse “atender, pelo menos, aos padrões médios da vida civilizada”.

 

Assassinato

Uma matéria do site Rede Brasil Atual denuncia as mentiras que a ditadura militar (1964-1985) divulgou sobre a morte de Anísio Teixeira. Segundo a versão “oficial” dos generais golpistas, a morte do educador ocorreu em decorrência de queda no fosso de um elevador, em 1971. Mas os familiares e amigos nunca acreditaram e sempre afirmaram que ele foi vítima de crime político.

 

No livro “Breve história da vida e morte de Anísio Teixeira – Desmontada a farsa da queda no fosso do elevador”, o autor, João Augusto de Lima Rocha, especialista no tema e uma das pessoas que estiveram à frente do movimento pela fundação que leva o nome do educador, conta que a versão da ditadura dá conta de que Teixeira morreu, em 1971, aos 70 anos, após cair em um elevador no prédio do professor e crítico Aurélio Buarque de Holanda, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro.

 

No prefácio do livro, o ex-deputado Haroldo Lima (PCdoB-BA) afirma que alguns familiares e amigos nunca aceitaram a versão oficial e conta que, ao sair da sala de autópsia, o médico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Francisco Duarte Guimarães disse a Mario Celso, genro do educador: “Mario, tio Anísio foi assassinado”. Clique aqui e confira a matéria da RBA na íntegra.

A diretoria colegiada do Sinpro reconhece a importância das ideias do educador Anísio Teixeira na construção de uma educação pública, gratuita, laica, democrática, inclusiva e de qualidade socialmente referenciada.

 

Breve história

Segundo apuração do jornal Grande Bahia, Teixeira nasceu em Caetité, no alto sertão da Bahia, em 12 de julho de 1900, e faleceu no Rio de Janeiro, em 11 de março de 1971, em circunstâncias nebulosas.

 

“Personagem central na história da educação do Brasil nas décadas de 1920 a 1960, nos períodos democráticos, Anísio foi um dos grandes expoentes do movimento denominado Escola Nova. Aos 24 anos, foi Secretário de Educação da Bahia, quando implantou importantes reformas educacionais que contribuíram para a democratização da educação no estado. Ele foi também Secretário da Educação do Rio de Janeiro e realizou uma ampla reforma na rede de ensino, integrando o ensino da escola primária à universidade, no início da década de 1930”, informa o jornal.

Afastado da vida pública durante o Estado Novo, o educador voltou à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em 1947, e continuou a implantar importantes reformas educacionais. Nos anos 1950, ele dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). Foi o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), criada em 1951, e a dirigiu até o golpe militar de 1964. Foi um dos idealizadores do projeto da Universidade de Brasília (UnB), inaugurada em 1961, da qual veio a ser reitor em 1963, quando foi afastado pelo golpe militar de 1964.

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