Agressões à categoria do magistério público são ataque frontal à democracia

Em menos de dez dias, foram registrados casos de agressão contra duas professoras e um monitor da rede pública de ensino. O cenário escancara a negligência do governo Ibaneis com a educação e com a sociedade.

O primeiro caso de agressão dos últimos dez dias data de 17 de abril, no Centro de Ensino Médio 01 do Gama. A mãe de uma estudante ameaçou uma professora da unidade por ela ter explicado à aluna que, pela Constituição brasileira, em regra, não cabe ao Poder Judiciário a elaboração e revogação de leis. Essa é uma prerrogativa do Poder Legislativo. (Leia mais AQUI)

Nessa terça-feira (23/4), a mãe de um estudante da Escola Classe 803 do Recanto das Emas invadiu a sala de aula e agrediu uma professora com puxões de cabelo e soco no rosto. O monitor que tentou apartar a briga também foi agredido. A mulher, que segundo a polícia parecia estar sob efeito de álcool e/ou drogas, chegou a ir para a delegacia, mas fez pronunciamentos desconexos sobre o motivo da agressão.

Nenhuma agressão é justificável. Professores(as), orientadores(as) educacionais e qualquer outro trabalhador ou trabalhadora precisam ser respeitados em seus locais de trabalho, que devem ser ambientes que assegurem a integridade física e psicológica.

No caso dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais, o crescimento do estímulo à violência contra a categoria pode ser registrado a partir de 2018, quando foram adotadas – inclusive com respaldo do governo federal à época – práticas hostis. Entre elas, a perseguição à liberdade de cátedra e a criminalização da categoria, acusada injustamente de ser “doutrinadora” e de estimular a “sexualização” das crianças e adolescentes.

O Sinpro e organizações parceiras que defendem a educação pública resistiram e se contrapuseram à avalanche reacionária. Foram realizados protestos, presença em audiências públicas, discussões com parlamentares e com a sociedade.

Por outro lado, o governo Ibaneis Rocha, que iniciou a gestão em 2018, se omitiu de promover qualquer tipo de política ou ação que assegurasse aos(às) professores(as) e orientadores(as) educacionais um ambiente de trabalho seguro. A inação se mostra uma verdadeira banalização da violência contra a categoria do magistério.

O desrespeito e o descaso com a educação pública são evidentes. Mas é importante lembrar que escola é também espaço de formação de pensamento crítico, e isso não importa a governos indispostos com a pluralidade, diversidade, liberdade, justiça.

O Sinpro-DF avalia o cenário como um ataque frontal à democracia, com sérios prejuízos à sociedade. Agressões físicas, verbais ou psicológicas a professores(as), orientadores(as) educacionais e demais profissionais das escolas normalizam a violência e geram clima de medo, inviabilizando o debate de ideias e a liberdade de expressão, pilares essenciais para uma sociedade promotora da cidadania.

Alinhado a valores democráticos de diálogo, respeito e tolerância, o Sinpro, com o aval da categoria, inseriu na pauta de reivindicações a garantia da segurança aos(às) professores(as) e orientadores(as) educacionais.

Repudiamos todo tipo de agressão à nossa categoria, bem como a negligência do GDF em solucionar a situação que se torna mais grave a cada dia.

 

Diretoria colegiada do Sinpro-DF

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