Ações preventivas contra a onda de violência nas escolas de todo o país

A onda de violência vista em várias escolas do Brasil tem gerado, além de preocupações constantes, debates pela melhor forma de garantir a segurança de educadores(as), alunos(as) e profissionais que trabalham nas unidades escolares. Este debate tem sido levantado pelo Sinpro desde a primeira edição do Concurso de Redação do sindicato, que trouxe como tema: Quem bate na escola maltrata muita gente.

Outro projeto trazido por autoridades é a Cultura da Paz, um conjunto de valores, atitudes, modos de comportamento e de vida que rejeitam a violência, e que apostam no diálogo e na negociação para prevenir e solucionar conflitos, agindo sobre suas causas. No Distrito Federal, reuniões com diretores, protocolos de segurança e reforço no policiamento do batalhão escolar têm sido tomados com o objetivo de impedir ataques terroristas, exemplo do que aconteceu em São Paulo, quando uma professora foi morta a facadas, e em uma creche de Blumenau, com o assassinato de quatro crianças.

O site G1.com abordou a temática e aprofundou sobre o que é Cultura da Paz. Confira abaixo o texto na íntegra:

Por Caroline Cintra, g1 DF

 


Sala de aula de uma escola pública do Distrito Federal — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Sala de aula de uma escola pública do Distrito Federal — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

 

Por causa da onda de violência nas escolas de todo o país, autoridades têm anunciado ações preventivas. No Distrito Federal, por exemplo, o GDF anunciou medidas como reuniões com diretores, protocolos de segurança e reforço no policiamento do batalhão escolar.

Além das medidas práticas, algo que tem sido bastante citado nos pronunciamentos oficiais é a cultura de paz nas escolas. Mas, afinal o que é isso?

O professor e mestre em educação da Universidade Católica de Brasília (UCB) , José Ivaldo Araújo de Lucena explica que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), “a cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, modos de comportamento e de vida que rejeitam a violência, e que apostam no diálogo e na negociação para prevenir e solucionar conflitos, agindo sobre suas causas”.

 

“Cultura de paz nas escolas significa, nesse contexto, uma opção política e pedagógica dos atores que compõem o sistema de ensino, equipes diretivas, professores, auxiliares, estudantes e suas famílias, no sentido da construção de ações coletivas de superação de todo o tipo de violência”, diz o professor.

 

Para o especialista, o desenvolvimento de uma cultura de paz nas escolas não é responsabilidade única e exclusiva das instituições de ensino, “mas elas são territórios privilegiados para o desenvolvimento de programas, projetos, atividades e ações de sensibilização e formação de crianças, adolescentes e jovens para a construção de uma sociedade mais humana e menos violenta”.

 

“A paz, assim como outros conhecimentos difundidos nas escolas, precisa ser aprendida e cultivada. Exige um processo contínuo de aprendizagem, construção e reconstrução permanente, dentro e fora da sala de aula”, diz José Ivaldo.

 

De acordo com o especialista, são experiências exitosas de cultura de paz na escola:

  • Capacitação de estudantes para que possam atuar como protagonistas na mediação de conflitos entre seus pares
  • Implantação de uma sala de mediação de conflitos nas escolas para que os estudantes possam atuar como mediadores no atendimento dos colegas
  • Realização de assembleias escolares em sala de aula na qual os conflitos são apresentados e a turma pode contribuir com a busca de soluções
  • Formação de professores, auxiliares, estudantes e famílias sobre cultura de paz, comunicação não violenta e mediação de conflitos, criando assim um ecossistema de cultura de paz na comunidade

 

‘Cultura de paz não significa ausência de conflitos’

 

Criança com mão no rosto — Foto: Luis Lima Jr/FotoArena/Estadão Conteúdo

Criança com mão no rosto — Foto: Luis Lima Jr/FotoArena/Estadão Conteúdo

O professor explica que a cultura de paz favorece relações abertas para o diálogo e a cooperação, no entanto “não significa a ausência de conflitos, mas promove a maturidade de como resolvê-los de formas não violentas”.

 

“A escola se torna ambiente propício para falas autênticas e escutas empáticas pautadas pelo respeito e pela corresponsabilidade entre os atores que fazem partes do processo de ensino e de aprendizagem.”

Para José Ivaldo Araújo de Lucena, na maioria das vezes a violência não tem origem na escola, mas dentro da própria família e da comunidade.

 

“Nesse sentido, é indispensável a criação de políticas públicas de educação para a paz que mobilizem toda a sociedade, desde famílias, associações de bairro, empresas, igrejas, órgãos de segurança pública, entre outros, numa ação sistêmica de prevenção à violência”, diz José Ivaldo.

 

O professor também é secretário executivo da Cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade da Universidade Católica de Brasília (UCB). Um centro de estudos e pesquisas sobre juventude, educação e sociedade.

“A UNESCO considera a educação, a ciência, as ciências sociais, a cultura e a comunicação como meios para atingir o objetivo ambicioso declarado em sua constituição: ‘uma vez que as guerras se iniciam nas mentes das pessoas, é nas mentes das pessoas que devem ser construídas as defesas da paz”, diz o especialista.

 

MATÉRIA EM LIBRAS