A falsa abolição e a luta negra por igualdade – TV Sinpro Especial apresenta minidoc O Baobá nesta quarta, 11

Quando a abolição da escravatura foi assinada pela Princesa Isabel, muita luta já havia sido feita no Brasil e em âmbito internacional. A Revolução Haitiana, por exemplo, se iniciou em 1791, quando negras e negros escravizados e libertos se insurgiram contra a violência, a exploração e a opressão dos franceses em São Domingos. Em 1º de janeiro de 1804, os rebeldes declaravam a independência da ex-colônia.

A elite brasileira temia um desfecho semelhante no Brasil, ainda no final do século XIX. O contexto internacional pós-revolução industrial e de expansão do imperialismo das grandes potências, Inglaterra à frente, exigia a ampliação dos mercados consumidores, especialmente nos países periféricos, onde essas potências podiam mandar e desmandar.

Concomitante a tudo isso, rebeliões de escravizados pipocavam pelo país, e ganhavam adeptos a cada dia. O movimento abolicionista já havia acumulado força e, inclusive, algumas cidades e até estados já haviam acabado com a escravidão em seus territórios. O primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão foi o Ceará, em 1884, tendo tido o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, como grande protagonista.

Além disso, o tráfico negreiro havia sido proibido no país em 1850. Leis como a do ventre livre (que libertava todos os filhos e filhas de mulheres escravizadas nascidos a partir de então) e a dos sexagenários (que libertava pessoas escravizadas com mais de 60 anos) e datam, respectivamente, de 1871 e 1885.

Consciência

Quando a Lei Áurea foi assinada em 1888, havia todo um contexto construído durante muitas décadas que pressionava por isso. Portanto, os movimentos negros no Brasil não têm dia 13 de maio como marco.

Nessa data, o que deve ser lembrado é que houve todo um processo de lutas, e não concessão ou generosidade de membro algum da Coroa Portuguesa. A referência para a luta do povo negro é o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que reivindica a trajetória de Zumbi e Dandara, líderes do Quilombo dos Palmares.

134 anos após a assinatura da abolição, ainda não há igualdade, e a vida da população negra brasileira é marcada pela violência, pela exclusão e pelo encarceramento. “Negros e negras foram escravizados por mais de 300 anos no Brasil. Não houve políticas de inclusão quando da abolição, o que aprofundou a marginalização e a discriminação”, pontua Márcia Gilda, diretora da Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF. “Mecanismos como as cotas, por exemplo, somente começaram a acontecer mais de um século depois”, completa ela.

O Baobá na TV Sinpro

Para destacar as lutas do povo negro e sua ancestralidade, nesta quarta-feira, 11, o TV Sinpro Especial apresenta o minidocumentário O Baobá.

Produzido pela Secretaria de Raça e Sexualidade e pela Secretaria de Imprensa e Divulgação do Sinpro-DF, o minidocumentário é ambientado no plantio de baobás na Chácara do Sinpro. Realizada em novembro de 2021, a ação criou o Recanto dos Baobás, em homenagem a mulheres negras brasileiras que protagonizaram a luta antirracista.

Em nove minutos, a obra traz entrevistas com especialistas e militantes históricos(as) da luta antirracista no Distrito Federal, que falam sobre a importância do Baobá para os povos africanos no continente e na diáspora.

Também será exibido um vídeo sobre a ação realizada no Centro de Ensino Médio 01 de Sobradinho, onde estudantes se somaram ao projeto de plantio de baobás, desenvolvido pelo professor André Bento. O diálogo aconteceu diante dos três baobás mais antigos do DF, localizados em frente à Embrapa, na Asa Norte.

A TV Sinpro vai ao ar ao vivo na TV Comunitária (Canal 12 na NET-DF; Facebook e Youtube TVComDF) e nas redes do Sinpro-DF, às 19h da quarta-feira.