Mostra Cassandra Rios celebra literatura, cinema e diversidade na Biblioteca Demonstrativa
A Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) recebe a “Mostra Cassandra Rios – Literatura, Cinema e Diversidade” em comemoração ao mês da Visibilidade Lésbica. A mostra ocorre somente nesta quarta-feira (13/8) e fica à disposição do público das 18h30 às 21h. A ação é promovida pelo Estruturação – Grupo LGBT+ de Brasília, organização que atua desde 1994 na defesa dos direitos humanos e na promoção da diversidade.
A atividade homenageia a memória e a resistência de mulheres lésbicas por meio da literatura e do audiovisual, criando um espaço de escuta, trocas e afirmação de identidades dissidentes. A programação inclui a exibição do documentário “Cassandra Rios – A Safo de Perdizes”, premiado pelo ProAC em 2013. A obra resgata o legado da escritora que, embora censurada e perseguida pela ditadura militar, tornou-se best-seller nos anos 1970 ao retratar, com ousadia, o erotismo, a subjetividade e a sexualidade lésbica. Considerada a primeira autora brasileira a dar protagonismo a mulheres homossexuais em suas narrativas, Cassandra teve diversas obras proibidas, mas conquistou milhões de leitores em busca de representatividade.
Na sequência, será exibido o premiado filme “A mulher salgada”, da diretora e roteirista Liana Farias, que participa de um bate-papo logo após a sessão. O curta é atravessado por memórias afetivas e referências históricas da representação lésbica do início dos anos 2000. Com olhar sensível, o filme costura lacunas e presenças no imaginário e presta homenagem a Cássia Eller, que marcou gerações e contribuiu para a legitimação de famílias homoafetivas no Brasil, ainda antes do reconhecimento legal do casamento igualitário em 2011.
O bate-papo sobre a obra de Cassandra Rios terá mediação de Marina Mara, poeta e doutoranda em Literatura pela UnB. Sua pesquisa acadêmica investiga a obra da autora homenageada, a literatura marginal e os processos de construção de gênero na literatura brasileira contemporânea. “Falar sobre Cassandra Rios é romper silêncios impostos historicamente à literatura lésbica no Brasil. Sua escrita ousada abriu caminhos para a representação de subjetividades dissidentes e ainda ecoa como um gesto político e poético de resistência”, ressalta Marina, que também é coordenadora cultural da Biblioteca Demonstrativa.
A Mostra Cassandra Rios integra as ações de visibilidade do mês de agosto, que marca duas datas centrais na luta lésbica no Brasil: o Dia do Orgulho Lésbico (19/08), em referência à ocupação do Ferro’s Bar, em 1983, por ativistas do GALF; e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29/08), instituído em 1996 durante o 1º Senale – Seminário Nacional de Lésbicas. Mais do que celebrar, a mostra reafirma a importância de espaços de expressão e construção coletiva, para que vozes como a de Cassandra — e tantas outras — não sejam esquecidas, mas lidas, ouvidas, vistas e celebradas.