60% mais pobres têm 22% da renda nacional
A desigualdade de renda voltou a cair no Brasil em 2009. O ritmo da queda, porém, foi mais lento do que nos cinco anos anteriores. A crise econômica mundial pode estar entre as principais explicações para esse fenômeno, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. O coeficiente de Gini, usado para calcular o tamanho desigualdade, ficou em 0, 538 no ano passado, contra 0, 544 em 2008. O indicador varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero, menor a concentração de renda. Mesmo com a trajetória declinante observada desde 1998, o estudo mostra que os 60% mais pobres detêm apenas 22% da renda do Brasil. “Um quarto das diferenças entre os mais ricos e os mais pobres se explica pela falta de estudos”, afirma Sergei Soares, técnico do Ipea. Falta pouco para acabar com miséria extrema, diz técnico
Segundo o instituto, a renda do trabalho tem um peso muito maior sobre a queda da desigualdade do que outras fontes (renda previdenciária ou programas de transferência), o que explica a razão pela qual a velocidade dessa redução tenha sido menor em 2009, a despeito das ações do governo para mitigar os efeitos da crise e da alta do salário mínimo. O estudo confirma a redução da pobreza. A população com renda familiar inferior a R$ 50 per capita caiu de 10, 3% do total em 2001 para 4, 8% em 2009; os que ganham menos de R$ 100 passaram de 26, 1% para 13, 7% e os que recebem até meio salário, de 45, 4% para 29, 2%. “Matematicamente, falta pouco para eliminarmos a extrema pobreza. Mas isso não quer dizer que as políticas a serem adotadas sejam fáceis”, diz Soares, lembrando que é preciso acertar o foco das ações.
Os 5% mais ricos da população tiveram o menor percentual de aumento de renda no período. Entre 2001 e 2005, na verdade, tiveram queda dos seus rendimentos, de 2%. De 2005 a 2009, mais do que recuperaram a perda com um aumento de 13%. Nos mesmos períodos, a renda dos 10% mais pobres subiu 64% e 20%, respectivamente.
Com informações do site da CNQ