25 mil estudantes do Ensino Médio nunca usaram o Google Classroom

Pesquisa de opinião entre pais, mães e responsáveis por estudantes da rede pública de ensino do DF descobriu que 25 mil estudantes nunca usaram o Google Classroom, a plataforma interativa escolhida pela Secretaria de Estado da Educação (SEEDF) para as aulas de Educação a Distância (EaD). O levantamento detectou também que essa plataforma tem melhor avaliação do que as teleaulas  do Governo do Distrito Federal (GDF).

O levantamento constatou que 31,80% dos 80 mil estudantes do Ensino Médio não estão usando a ferramenta proposta pela SEEDF. Isso representa 25.440 estudantes que nunca acessaram a plataforma. Importante lembrar que o levantamento constatou que 120 mil estudantes não têm equipamentos de informática, como computador, tablet, celular, notebook em casa e, outros 127 mil não têm Internet.

A análise dos dados da pesquisa mostra que, dentre os 68,20% % dos estudantes que estão usando a plataforma de EaD da SEEDF, 48,10% avaliaram como satisfatório o uso desta ferramenta; 43,2% avaliaram como insatisfeitos; e, outros 8,7% não estão conseguindo acompanhar as atividades. No cômputo geral, a avaliação do Google Classroom é melhor do que a das teleaulas em razão do fato de o estudante interagir com seu próprio professor.

 

As atividades propostas pelo professor buscam atender às necessidades e especificidades da turma e essa proximidade faz toda diferença quando é feita a comparação das teleaulas com as ferramentas interativas. No entanto, a avaliação positiva abaixo dos 50% é preocupante e revela um paralelismo com a realidade da EaD em outras regiões do planeta em que ficou provado, na prática, que ela não é adequada para a Educação Básica.

O Google Classroom foi avaliado pelos pais, mães e responsáveis por estudantes da rede pública de ensino na pesquisa específica para eles e elas sobre Covid-19 e volta às aulas, realizada pelo Sinpro-DF entre os dias 21 e 31 de maio. O questionário com 14 perguntas, que ficou à disposição no site da entidade por 8 dias, foi respondido por dez mil pais, mães e responsáveis.

A pesquisa “Covid-19 e volta às aulas” também foi realizada com os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais com um questionário, também disponibilizado no site por 8 dias, com 16 perguntas. Ambos estão em análise e compilação. Para divulgar os resultados, o Sinpro-DF criou a série de matérias intitulada “Exclusão educacional no DF”.

Fracasso em outros países não serviu de aprendizado para o GDF 
A Ásia e a Europa usaram a EaD durante a pandemia e os resultados foram os mesmos: um fracasso até mesmo em países que forneceram aos estudantes Internet de boa qualidade e equipamentos eletrônicos (tablet/notebook).  “Nos outros continentes a constatação do fracasso da EaD é com base nos mesmos procedimentos e resultados que já prevemos aqui: a culpa não é do professor. A EaD não foi planejada para ser usada na Educação Básica, com crianças e adolescentes, por isso está, por si só, fadada a fracassar”, afirma Cláudio Antunes, coordenador de Imprensa do Sinpro-DF.

No DF, o governo Ibaneis foi alertado pelo Sinpro-DF sobre as conclusões sobre esse fracasso nos outros continentes e sugerido que o melhor a fazer era desenhar um plano de retorno às aulas de forma presencial, a ser implantado quando os números da contaminação do novo coronavírus começassem a cair. Com um retorno seguro, com adaptações, as aulas presenciais seriam ofertadas para todos os estudantes.

“Mas, aqui, a SEEDF já está cadastrando os estudantes do Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano na plataforma Google Classroom e a ideia é também estender o uso dessa ferramenta nas demais modalidades de ensino”, critica o diretor. Nessa quarta-feira (3), o secretário de Educação, João Pedro Ferraz, anunciou, numa live, que o ano letivo será retomado na rede pública, no dia 22 de junho, com as atividades a distância por meio de teleaulas e a pesquisa mostrou que mais de 120 mil estudantes vão ficar de fora delas.

A portaria publicada no Diário Oficial do DF (DODF), desta quinta-feira (4), instituiu que os(as) professores(as) retornam ao trabalho com teletrabalho, nesta sexta-feira (5) e que, entre 22 e 26 de junho, os estudantes voltam às aulas a distância e que a presença não será cobrada. Só a partir do dia 29, os professores passarão a computar os faltosos e contar as aulas como horas letivas. Ou seja, a partir desta data, os mais de 120 mil estudantes sem computador, passarão a levar falta.

A diretoria colegiada alerta para o fato de que o governador Ibaneis, do MDB, será o responsável por uma exclusão educacional gigantesca, nunca vista no DF, como a pesquisa sobre Covid-19 e volta às aulas tem demonstrado.  “Por um lado, o trabalhador obrigado pelo patrão cumprirá o plano excludente de Ibaneis. Por outro, não poderemos inocentar o GDF: ele foi avisado que a EaD é inadequada, que há 120 mil estudantes sem aparelhos eletrônicos para acompanhar as aulas a distância. Portanto, no DF, a culpa deste fracasso e da exclusão educacional de milhares de estudantes é do governador Ibaneis”, denuncia a diretoria.

Série “Exclusão educacional no DF” sobre o resultado da pesquisa Covid-19 e volta às aulas, realizada entre 21 e 31 de maio:

GDF quer fazer EaD com 127 mil estudantes sem Internet e 8 mil professores sem computador
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Mais de 120 mil estudantes da escola pública do DF não conseguem acessar a EaD
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Pesquisa comprova fracasso da teleaula
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