Escola é espaço fundamental para desconstruir a normalização da violência

Saber identificar o que é violência é questão-chave para eliminar a prática realizada contra as mulheres. A afirmação foi feita na palestra “A desconstrução da violência pela educação: como identificar, evitar e encerrar o ciclo de violência”, realizada no Centro de Ensino Fundamental do Bosque, em São Sebastião, no dia 25 de novembro, Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

“Analisar as várias características da violência, as origens da violência, como ela surge e se desenvolve dentro de todos os tipos de relacionamento é imprescindível. Muitas vezes, a vítima está dentro de uma relação de abuso, mas não consegue identificar isso. Isso porque a violência não é só física, não é só tomar um soco, um tapa, um tiro. Mas uma palavra, uma difamação, uma violência patrimonial ou sexual, além de várias outras questões, também são formas de violência”, disse a palestrante Inara Amorim.

Professora de formação e policial civil há 14 anos, Inara, que também já foi vítima de violência, afirma que “a educação ensina a identificar os sinais, o cenário e, a partir disso, saber identificar se está ou não em um relacionamento abusivo e o que fazer diante disso”. “Esse é um tema para ser tratado em todas as idades, em todas as etapas de ensino”, afirma.

A diretora do Sinpro Leilane Costa participou da palestra e lembrou que o ambiente escolar é composto majoritariamente por mulheres, sejam professoras, orientadoras educacionais, estudantes, mães/responsáveis, trabalhadoras da limpeza.

“Nós do Sinpro temos uma séria de políticas para as mulheres, desenvolvidas por uma secretaria específica, que têm como um dos principais eixos o combate da violência contra as mulheres. Essa é uma luta que deve ser nossa, não só pela configuração da nossa categoria e do ambiente escolar, mas por defendermos que a educação deve ser emancipadora. Por isso, o tem do combate à violência contra as mulheres deve, sim, ser falado, e muito, dentro das escolas”, disse.

Leilane Costa, diretora do Sinpro

 

A dirigente sindical lembrou que o número de feminicídios no DF aumentou 250%, comparado o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2022. “Isso não pode ser normalizado. Aliás, nenhum tipo de violência pode ser normalizado. E as escolas são espaços importantes para desconstruirmos essa normalização”, afirma Leilane Costa.

A diretora do CEF do Bosque, Priscila Silva de Jesus Monteiro, conta que a palestra abriu a Semana Maria da Penha, inserida no inserida no Calendário Escolar. Entretanto, para ela, a atividade foi muito além de um evento alusivo à data. “Além de ser muito esclarecedora, a palestra encoraja. Esse tipo de atividade fortalece o debate de não à violência, independentemente do tipo”, avalia.

Organizador da atividade, o coordenador pedagógico do CEF do Bosque, Rogério Guimarães, lembra que a comunidade de São Sebastião tem como uma das características o volume aumentado de violência contra as mulheres. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, só neste ano, duas mães foram assassinadas pelo fato de serem mulheres.

“Percebemos como isso (a violência doméstica) tem afetado o desempenho escolar dos estudantes. É muito importante a parceria entre escola, família e toda a comunidade escolar para mudarmos este cenário”, afirma professor Rogério.

Segundo ele, o CEF do Bosque de São Sebastião planeja realizar mais duas palestras sobre violência de gênero: uma na primeira quinzena de janeiro e outra no ano letivo de 2024, após a Semana Pedagógica.


21 dias de ativismo

O dia 25 de novembro, Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, é uma das datas inseridas na campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, realizada desde 1991, mundialmente.

Internacionalmente, a campanha começa dia 25 de novembro e termina no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, totalizando 16 dias de ativismo. No Brasil, a campanha começa antes: no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, para enfatizar a dupla discriminação sofrida pelas mulheres negras.

O Sinpro, a CUT e sindicatos vêm realizando uma série de atividades relacionadas à campanha. Acesse AQUI mais informações sobre o tema 

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