2 de outubro: o próximo capítulo do necessário fim da história de Bolsonaro
Por Rodrigo Rodrigues*
Nesse 23 de setembro, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupou a Bolsa de Valores de São Paulo. Na ação, em nível mais alto, uma bandeira do Brasil levava no centro a palavra “fome”. À frente dela, braços levantavam ossos de boi, que passaram a ser a única opção de alimentação para milhares de brasileiros.
No Brasil de Bolsonaro, são 19 milhões de pessoas sem ter o que comer e 42 novos bilionários.
Quem ainda pode colocar alguma coisa no prato, vive assombrado pelo fantasma do desemprego e da retirada de direitos. Depois da reforma da Previdência que proibiu o povo de se aposentar, está em curso uma reforma administrativa que ameaça acabar com os serviços públicos, único meio de muita gente garantir dignidade. Além disso, insiste em fazer ronda medida provisória que faz puxadinhos trabalhistas para pagar metade de um salário mínimo, sem direito a 13º, a quem está há pelo menos dois anos convivendo com o desespero de não ter de onde tirar renda.
No Brasil de Bolsonaro, são quase 15 milhões de desempregados e mais de 6 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), enquanto os cinco gigantes do sistema financeiro lucraram R$ 79,3 bilhões só em 2020 e, mesmo assim, no mesmo ano, demitiram quase 13 mil funcionários.
Quem ainda tem o que comer e um local de trabalho, é assaltado com gás de cozinha de R$ 100, gasolina a R$ 7 e uma subida crescente de preço em tudo que for comprável, inclusive o que é indispensável para se manter vivo. Uma cesta básica para uma família de quatro pessoas chega perto do salário inteiro do mês para quem ganha o mínimo.
No Brasil de Bolsonaro, está tudo insuportavelmente caro, o salário mínimo foi reajustado abaixo da inflação e o auxílio emergencial é de R$ 5 por dia. Mas o presidente da República ostenta comendo carne ao preço de R$ 1.800 o quilo.
Mesmo aqueles que ainda têm o que comer, têm emprego e conseguiram ajustar o orçamento à subida descomunal do preço de tudo, foram acometidos pelo medo da morte ou da perda de quem ama. Um medo que muitas e muitas vezes se tornou realidade.
No Brasil de Bolsonaro, são quase 600 mil mortes causadas pela covid-19 e, paralelamente, a investigação do maior caso de corrupção da história, com pedido de propina de gente do governo federal para negociar a compra de vacinas capazes de frear o vírus.
Não dá mais.
“Se você está indignado com toda essa covardia que vem sendo cometida contra nós, o povo brasileiro, nos encontraremos no próximo dia 2 de outubro, nas ruas!”
É por isso que neste 2 de outubro a CUT e entidades sindicais da classe trabalhadora, organizações da sociedade civil e partidos políticos de diversas legendas irão às ruas para construir mais um capítulo do necessário fim da história de Bolsonaro na presidência da República. Para isso, é preciso lembrar que não ter participado de atos chamados por quem utilizou das mesmas armadilhas mau caráter de Bolsonaro, não significa recusar unidade ampla contra o capitão reformado. Construir unidade de ação com todos aqueles que desembarcaram do bolosnarismo é estratégico para o resgate da democracia e da dignidade do povo brasileiro.
Dia 2 de outubro será sim uma data histórica, mas que não terá apenas 24 horas. Isso porque este novo capítulo, que se engrandece ao encontrar outros atores interessados no enredo da democracia, deve ser continuado no dia a dia, nos galpões das fábricas, na porta do comércio, nas reuniões de bairro, nas associações, nas praças públicas, nas escolas e em todos os espaços ocupados por 99% de uma sociedade que sofre, todos os dias, o rebote de uma política que interessa a apenas 1% dessa mesma sociedade.
Nenhuma mãe deve tentar explicar para os filhos que não tem o que comer. Nenhuma pessoa pobre deve se conformar a ter apenas o que sobra. Nenhum trabalhador deve se submeter à escravidão. Nenhuma vida deve ser vítima da ganância.
Se você está indignado com toda essa covardia que vem sendo cometida contra nós, o povo brasileiro, nos encontraremos no próximo dia 2 de outubro, nas ruas!
Fora Bolsonaro! É urgente.
*Rodrigo Rodrigues é professor da rede pública de ensino do DF e presidente da CUT-DF
**O artigo foi publicado originalmente no Brasil de Fato DF, nesta sexta-feira (24/09)