2 de maio de 2017: 20 anos da morte de Paulo Freire

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de trabalhadores das escolas públicas brasileiras de nível básico, aproveita a oportunidade para, publicamente, rememorar as duas décadas que o Brasil passou a viver sem o maior pedagogo de todos os tempos, o pernambucano Paulo Freire.
Há exatos 20 anos, no dia 2 de maio de 1997, Paulo Freire nos deixava para entrar, definitivamente, na História. Referência notável como um dos maiores educadores e pedagogos em todo o mundo, Paulo Freire, de forma absolutamente justa, tornou-se o patrono da educação brasileira. Pernambucano de Recife, nascido ainda no ano de 1921, Paulo Freire notabilizou-se por criar uma metodologia única na Pedagogia a partir da visão de que a educação deve ser, antes de tudo, um instrumento para a libertação e emancipação das pessoas e, em decorrência disso, um instrumento de mudança da sociedade. Frase célebre dele é a que dizia que não é a educação que muda o mundo: a educação muda as pessoas e são essas os verdadeiros agentes de mudança do mundo.
Criador da Pedagogia do Oprimido, o aspecto mais central de sua obra fazia menção e referência a uma educação crítica e, dizia ele, o processo educacional não deveria se ater a ser um mero reprodutor de conteúdo, mas, sobretudo, um instrumento de emancipação do educando, partindo sempre da realidade concreta da vida das pessoas. Sua obra se prestou a ser uma importante referência nas campanhas de alfabetização no Brasil na década de 1960 e, por isso, foi acusado de subversão pelo regime militar vigente à época no país. Como exilado, rodou o mundo inteiro e, lá fora, também foi reconhecido como um dos maiores pensadores no campo da educação.
Com vasta experiência tanto na academia quanto no campo da gestão pública, Paulo Freire nos deixa um legado que faz orgulho a todos nós brasileiros/as. A sua ascendência moral sobre a prática e o pensar pedagógicos faz da educação, até os dias de hoje, a melhor alternativa para se mudar o mundo, com mais justiça e igualdade sociais.
Ao rememorarmos essas duas décadas da morte de Paulo Freire, é impossível não repudiar proposições legislativas, como o Projeto de Lei da Escola Sem Partido que, desde as Câmaras Municipais até o Congresso Nacional, passando pelas Assembleias Legislativas dos Estados, são apresentadas em profusão, ofendendo aqueles ensinamentos deixados por Paulo Freire. Na contramão de uma educação que se preste a emancipar o ser humano, projetos dessa estirpe pautam somente o cerceamento da liberdade e o fomento à escravidão das ideias e do analfabetismo político e funcional dos estudantes em particular e da sociedade em geral. A educação não pode se prestar a outra coisa se não for na direção da liberdade e da emancipação das pessoas de toda espécie de amarras e opressões.
A CNTE presta esta justa homenagem dos educadores/as brasileiros/as a este que, até hoje, inspira e ilumina as ações de todos os trabalhadores/as que fazem e promovem a educação no Brasil. Não por mera coincidência, o 33º Congresso Nacional de nossa entidade, ocorrido no último mês de janeiro aqui em Brasília, e que reuniu quase 3.000 educadores de todo o país, homenageou, na ocasião, este ilustre brasileiro. Paulo Freire vive nos corações e mentes de todos! Paulo Freire, mais do que nunca, nos inspira a lutar por um Brasil mais livre, soberano e justo!
Brasília, 2 de maio de 2017
Direção Executiva da CNTE