CLDF aprova mudança no nome da ponte para Honestino Guimarães

Conta a mitologia grega que Medusa, musa com cabelos de serpentes que tinha o poder de transformar em pedra qualquer um que olhasse diretamente em sua direção, foi decapitada por Perseu por um mero capricho do rei Polidetes de Sérifo, que deu a Perseu a missão de trazer a cabeça da musa como presente. Durante milênios esta história foi contada e retratada em literatura e em obras, como a do pintor Caravaggio. O que muito poucos tem conhecimento é que o verdadeiro enredo desta mitologia retrata que Medusa foi, na verdade, estuprada por Poseidon, deus dos oceanos. Coube à coerência do tempo a missão de trazer à tona a verdade.

O conto de Medusa é um ótimo exemplo de como a história tende a homenagear o opressor, e não o oprimido. Trazendo o contexto para a nossa atualidade, sofremos do mesmo mal, visto que vários monumentos, obras, ruas, pontos e edificações carregam o nome de ditadores, corruptos, estupradores, torturadores ou pessoas com posições racistas.

Brasília, a exemplo de várias cidades ao redor do mundo, carrega uma sina parecida, ou melhor, carregava. A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, em primeiro turno, a alteração do nome da Ponte Costa e Silva, sobre o Lago Paranoá, para Ponte Honestino Guimarães. A decisão da CLDF arranca o nome do ditador militar dos anos de chumbo (em seu governo foi editado o famigerado AI-5) e faz justiça ao líder estudantil que lutou contra a ditadura, foi perseguido pelo regime militar e desapareceu em 1972.

A decisão na mudança do nome da ponte é uma luz sobre uma série de injustiças e disparates vistos em esquinas, obras e monumentos ao redor do Brasil, e o Sinpro vê a atitude como positiva. Cabe ao governador Ibaneis Rocha sancionar a decisão da Câmara Legislativa, homenageando, assim, a figura de um oprimido, e não de um notório e conhecido opressor da história brasileira.

“Medusa com a Cabeça de Perseu” foi instalada em Nova York no dia 13 de outubro, em um parque perto do tribunal onde o produtor de cinema americano Harvey Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão por estupro e ato sexual criminoso de mulheres, em março deste ano.

 
 

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