12º CTE e os desafios da classe trabalhadora diante das mudanças no mundo do trabalho

Uma das Mesas mais importantes do 12º Congresso de Trabalhadoras/es em Educação (12º CTE), intitulada “Desafios da classe trabalhadora diante das mudanças no mundo do trabalho” trouxe um debate que dialoga literal e diretamente com as nossas relações de trabalho e o momento que vivemos. O mundo vive as transformações da quarta revolução industrial e tecnológica e, com ela, um retrocesso imenso nas relações de trabalho.

A penúltima Mesa do 12º CTE, apresentada pela diretora do Sinpro Elineide Rodrigues e pelo diretor Samuel Fernandes, teve como palestrantes Meg Guimarães, diretora do Sinpro e vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), e Antônio de Lisboa Amâncio Vale, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores Brasil (CUT Brasil) e conselheiro representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Ana Prestes, socióloga, cientista política e analista internacional.

Meg Guimarães – Assembleia Constituinte e novo pacto constitucional

Após uma análise da situação política e econômica mundial, Meg Guimarães apontou vários problemas do mundo do trabalho decorrentes das relações capitalistas, que vão desde a atual Guerra da Ucrânia até a 4ª Revolução Tecnológica. Meg falou da nova organização de trabalho que avança no mundo em que direitos são eliminados para dar lugar a lucros incalculáveis a grandes capitalistas.

Em apenas 20 minutos, ela mostrou um pouco de cada coisa que acontece atualmente no mundo do trabalho em razão de mudanças na Constituição Federal. Falou da situação das organizações sindicais e dos desafios dos trabalhadores brasileiros. Para ela, a saída mais imediata e importante para os problemas atuais da classe trabalhadora brasileira é, em primeiro lugar, a eleição do ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, a união para garantir sua governabilidade e, sobretudo uma nova Assembleia Constituinte para retomar um novo pacto social popular e soberano que recupere direitos e alinhe as relações trabalhistas com a 4ª Revolução Tecnológica.

“Lula sozinho não vai resolver os problemas do Brasil”, alertou a sindicalista. Na avaliação dela, apenas uma Assembleia Constituinte autônoma, soberana e popular será capaz de revogar leis como a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, a reforma do Ensino Médio – que está promovendo a destruição da matriz curricular, o fim do magistério e a contratação de pessoas de notório saber para educar as crianças do Brasil.

Ela alertou para o fato de o novo Ensino Médio preparar os jovens brasileiros para apertar parafuso, não ter cidadania e garantir o seu próprio desenvolvimento e o crescimento do País e jamais ter pensamento crítico. Já está em curso esse problema. “Já temos 13 mil professores do contrato temporário sem acesso a direitos”, denuncia. Ela também alerta para o fato de que a Emenda Constitucional nº 95 está destruindo a Educação Superior e a pesquisa científica no Brasil. Ela afirma que apenas uma Assembleia Constituinte irá revogar essa emenda constitucional.

A vice-presidente da CUT-DF chamou a categoria para voltar no Lula, apoiar e garantir a realização dessa Assembleia e votar em parlamentares que deem sustentação a essa proposta de governo. “Apenas a eleição do Lula não irá trazer representação da classe trabalhadora. É preciso revogar as emendas”, disse. Ela finalizou a própria fala dizendo que “só o povo salva o povo”

Antônio de Lisboa – Novas tendências mundiais e organizações do trabalho

Lisboa também fez uma análise geral dos desafios da classe trabalhadora na 4ª Revolução Tecnológica. Ele trouxe a ideia das cadeias globais de produção que concentra toda a riqueza produzida no mundo nos países ricos do hemisfério norte. Mostrou que hoje existe o chamado “trabalhador multifuncional”, aquele que dá aula de matemática de manhã; de tarde é motorista de Uber; na primeira parte da noite é garçom em lanchonete; e, mais tarde, canta no bar. “Ele não se vê como trabalhador e sim como um empreendedor”.

Esses trabalhadores, segundo Lisboa, querem outro tipo de relação sindical. O sindicalista disse que atualmente é preciso analisar a crise do sindicalismo e enfrentar os desafios. Ele apontou a captura das instituições e alertou para o fato de que não se deve ser contra a 4ª Revolução Tecnológica porque seus produtos são criação da inteligência humana, é um direito da humanidade.

Ele citou como exemplo a produção da vacina contra a covid-19, que, cientistas no mundo inteiro, em apenas 1 ano, produziu o imunizante para combater e reduzir a morte de milhões de pessoas. “O problema não é a 4ª Revolução Tecnológica, é quem controla as novas tecnologias”, disse. Para Lisboa, as novas tecnologias são benefícios da humanidade.

O sindicalista também falou das novas tendências mundiais e que há um projeto na OIT de que o mundo deve criar até 2030 mais de 800 milhões de postos de trabalho para reduzir os fossos sociais e financeiros entre a classe trabalhadora mundial e a classe rica. Ele disse que 70 países fizeram a reforma trabalhista nesta atual crise do capitalismo, mas a pior de todas foi a do Brasil e, hoje, 77% dos países negam aos trabalhadores o direito de aderir a sindicato.

 

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Confira no vídeo, as falas completas de Meg Guimarães e Antônio de Lisboa