12 de agosto: há 34 anos foi assassinada Margarida Maria Alves

Para nós mulheres do campo, da floresta e das águas, o mês de agosto é um mês muito simbólico. É um mês em que se reafirma a resistência das mulheres, na lembrança do dia 12 de agosto de 1983, onde há 34 anos foi assassinada covardemente a líder sindical Margarida Maria Alves, a mando de grandes latifundiários de Alagoa Grande-PB, porque lutava em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Margarida foi ceifada porque para ela: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
Nossa líder sindical permanece viva na Marcha das Margaridas que desde o ano 2000 nos permite olhar para nossa agenda política de conquistas e de novos desafios quanto a nossa participação política; fim da violência sexista; acesso à terra e valorização da agroecologia; garantia de alimentos com qualidade; educação; saúde; autonomia econômica, de trabalho e de renda; entre outros pontos da nossa pauta.
Olhar para o mês de agosto, sobretudo, deste ano de 2017, significa termos em nós mulheres a ousadia de Margarida. De não nos calarmos mesmo diante deste do atual cenário extremamente difícil e desafiador, que teve início com o afastamento da primeira mulher eleita presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, que sofreu um impeachment do patriarcalismo e machismo.
Um modelo machista que se evidenciou ainda nas primeiras horas do atual governo, com a imagem e a nomeação dos novos ministros empossados pelo golpista. TODOS HOMENS e BRANCOS! O recado é simples: MULHER NÃO PODE. 
A serviço do golpe patriarcal, do capital e do imperialismo, recentemente parte do Congresso Nacional em conchavo com o governo, deu mais um golpe nas mulheres e no Brasil, com a rejeição da denúncia contra o “presidente Temer” por corrupção passiva.
A permanência desse governo significa para nós a continuação do desmonte dos direitos trabalhista e previdenciário; do congelamento por vinte anos dos investimentos públicos sociais; o aumento da violência no campo; entre outras perdas que prejudicam, sobretudo, nós mulheres.
Mesmo diante de todo esse cenário de retirada dos nossos direitos e do preconceito estabelecido no Brasil, somos desafiadas a olhar e refletir permanentemente sobre ousadia de Margarida, que não se calou diante dos latifundiários e nos deixou um legado de resistência, fazendo brotar e se espalhar suas sementes de luta, igualdade de gênero, justiça social, autonomia e liberdade.
DOCUMENTÁRIO: “Nos caminhos de Margarida”
Para saber mais da história da líder sindical Margarida Alves, assista e baixe o documentário “Nos caminhos de Margarida”. O vídeo produzido pela CONTAG, conta através de depoimentos e imagens, a luta e resistência da heroína paraibana.
Leia também o artigo da vice presidenta da CUT, Carmen Foro, A luta de Margarida Alves precisa ser lembrada para resistirmos e continuarmos lutando.