Um desabafo que está preso na garganta

Os meios de comunicação fazem questão de enfatizar que recebemos o melhor salário do país, inclusive comparando com outros estados. Em primeiro lugar não prestei concurso para nenhum estado citado nas reportagens, prestei concurso para professor no Distrito Federal. Se quiser ganhar o salário de qualquer outro estado, mudaria para lá!
E em segundo lugar, quando comentarem que recebemos o melhor salário do país, não se esqueçam de falar que é um dos piores do Distrito Federal, que é onde prestamos serviços. Não se esqueçam de falar que não temos plano de saúde.
Não se esqueçam de que quando o resultado é aprendizagem, temos também um dos melhores  desempenho do país. Ressaltem que o custo de vida no Distrito Federal é alto, e o mais importante, enfatizem que não estamos lutando apenas por um salário melhor, mas também por melhores condições de trabalho.
Não entendo, onde uma sociedade com grandes transformações ideológicas e tecnológicas, em que as empresas priorizam a questão de gestão de pessoas, da satisfação do funcionário, o GDF insiste em irritar os professores, para não dizer, em tentar nos desmoralizar, inclusive ameaçando o corte de ponto.
Prometi que ia ficar calada, mas sou gigolô das palavras, elas me consomem e se transformam na minha voz. Não dá para aceitar a tentativa de passar para a sociedade que estamos lutando sem razão… Temos uma causa justa, e me pergunto por que em vez de comparar com estados que ganham um salário vergonhoso para um educador, não comparam com países como a Coréia do Sul, Finlândia e Japão, países considerados modelos em Educação?
Não seria um grande passo formar uma comissão de políticos e irem até esses países observarem de perto os modelos educativos implantados e tentarem algo similar por aqui? O ponto chave deles é a formação docente. Proporcionem cursos de qualidade, ofereça polos nas regionais, como era antes, em vez de centralizar em um único local. São várias regiões administrativas e uma única escola de aperfeiçoamento.
Ofereçam uma educação integral, que vai além de manobra nas campanhas politicas. Ofertem acesso à tecnologia, com aparelhos que funcionem.  Ofereçam uma merenda escolar de qualidade, não deixem nossos alunos tendo aula de Educação Física em quadras sem cobertura (isso para as escolas que têm quadra). Ofereça acesso a material para que meu aluno possa concorrer em iguais condições com os alunos de escolas particulares aos processos seletivos pois só quem está em uma rotina de sala de aula, incentivando seus alunos, compartilhando os mesmos sonhos, pode compreender o que estou falando.  Só quem está na rotina diária de uma sala de aula, incentivando seus alunos, compartilhando os mesmos sonhos, pode compreender exatamente o que falo Só quem está na rotina diária de uma sala de aula, incentivando seus alunos, compartilhando os mesmos sonhos, pode compreender exatamente o que falo Depois de ofertar esse mínimo, aí sim poderão falar que somos bem remunerados.  (Conceição M. A de Araújo – Professora no Centro Educacional Pompílio Marques de Souza – Planaltina – DF)