Trabalhadores dos Correios mantêm estado de greve contra retrocessos

Trabalhadores dos Correios do DF e entorno decidiram por unanimidade manter o estado de greve. A decisão foi tomada em assembleia nessa quarta-feira (23). No encontro, também foi entregue uma carta aberta à sociedade, que explica os motivos da mobilização da categoria.
Os trabalhadores repudiam o desmonte da Empresa de Correios e Telégrafos, que vem acarretando demissões, fechamento de agências e condições insalubres de trabalho, entre outros prejuízos. Uma das questões rebatidas pelos trabalhadores é a implantação da distribuição domiciliar alternada (DDA). Com o novo sistema, os carteiros não passam mais pela mesma rua todos os dias, ou seja, os locais que tinham entregas todos os dias, passaram a ter o serviço em dias alternados.
Segundo a presidenta do Sintect – sindicato que representa a categoria –, Amanda Corcino, a iniciativa é apenas uma alternativa para driblar a falta de profissionais na empresa. Ela explica que com este modelo haverá atrasos na entrega das correspondências, visto que em alguns locais, os carteiros passarão apenas uma ou duas vezes por semana. Para os funcionários, a DDA significa trabalho acumulado, pois terão que percorrer caminhos mais longos e carregar cargas ainda mais pesadas que o normal.
“Não existe coisa pior para um carteiro do que um distrito acumulado. Existem locais em que a população está recebendo cartas somente quatro vezes na semana, e isso gera um estresse, porque muitos não entendem o lado do trabalhador. Isto tem manchado a imagem da empresa e prejudicado trabalhadores e população. Esta medida faz parte de um processo de sucateamento, com intenção de privatizar a empresa”, alerta a presidenta.
Nesta quinta-feira (24), a categoria participará de audiência pública Câmara Legislativa, às 15h, para debater com a população, parlamentares e trabalhadores os riscos da implantação da DDA na estatal.
Firmes na mobilização
O presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, participou da assembleia dos trabalhadores dos Correios nessa quarta-feira e informou que a mobilização deve seguir firme para combater a retirada de direitos.
“Precisamos de ações de enfrentamento enquanto categoria e enquanto classe trabalhadora. Por isso, nós da CUT, em conjunto com nossos sindicatos filiados, estamos elaborando um material que dialoga direto com a população. Esse material é direcionado para os trabalhadores e também beneficiados de projetos sociais e associações, para que entendam o que está em jogo e lutem. Serão produzidos cerca de 200 mil exemplares, em linguagem simples, sobre o que significa a privatização dos Correios, da Eletrobras e de todas as riquezas brasileiras. Precisamos nos organizar e nos preparar para fazermos mobilizações tão grandes quanto as que fizemos na Greve Geral e no Ocupa Brasília”, disse.