Da escravidão à Lava-Jato: um país dominado pela elite atrasada e por rentistas estrangeiros

O sociólogo Jessé Souza participou da mesa sobre análise de conjuntura, do 11º Congresso das/os Trabalhadoras/es em Educação Chico Mendes. Penúltima mesa da tarde deste sábado (18), a presença do professor Jessé Souza lotou o auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC).
Jessé explicou o papel fundamental do capitalismo financeiro nos retrocessos e grandes atrasos que o Brasil está vivendo. Ele disse que falar da situação do país hoje é muito importante e que se trata de uma tarefa muito complexa “porque o mundo está passando por um contexto regressivo e a gente está passando por uma contrarrevolução, podemos dizer, política”, afirmou.
Ele disse que essa contrarrevolução é dirigida contra a social-democracia. “A democracia social foi feita para, em parte, dividir os lucros do capitalismo não só para a pequena elite de proprietários, mas também para o povo. Isso é o que está sendo atacado. Essa ideia é a que está sendo atacada e a força motriz desse ataque é o que a gente chama de capital financeiro. O que o capital financeiro? Ele não é só os bancos. Ela é outra forma de acumulação desse dinheiro, ou seja, desse excedente, de tudo que é produzido pelo nosso trabalho e é de curto prazo”, explicou.
Com críticas profundas sobre o papel dos deputados federais e senadores, juristas e membros da cúpula do Poder Judiciário, ele explicou que o capital financeiro também tem tentado colonizar países hegemônicos, como Alemanha e Inglaterra, que, diferentemente dos políticos brasileiros, protegem suas instituições e populações, impedindo a mercantilização de tudo, desde a água e o petróleo até a educação, a saúde e a própria vida.
E questionou: “Por que esse ataque é tão voraz aqui com a gente? Essa é a questão que é preciso que a gente compreenda. Esse ataque é tão bem-sucedido diabolicamente aqui entre nós porque o discurso do capitalismo financeiro tira onda, faz de conta, de que ele é emancipador. Ele tem a Rede Globo para falar por ele. Quer dizer, a Rede Globo é a boca do capital financeiro. E a Rede Globo tira onda de que defende as mulheres, os negros, as minorias”, denunciou
Jessé Souza explicou que o capitalismo financeiro é o contrário do industrial, que tinha de pensar em longo prazo, por exemplo, pensar que os seus bens tinham de ser consumidos pelos trabalhadores. “O pessoal do capitalismo financeiro está se lixando para o que está acontecendo aqui dentro. Se o país acabar, ficar todo mundo na pele e osso, ele sai daqui e vai matar na Argentina, África, Ásia, Turquia. Ou seja, é esse o contexto. A gente está sofrendo o ataque desse tipo de capitalismo”, avisa.
Ele citou várias formas pelas quais a elite de rentistas omite a verdade para continuar roubando o Estado brasileiro. Uma delas é a dívida pública que, para Souza, não passa de uma grande fraude para enriquecer o capital financeiro. Entre outros temas, ele comentou sobre a atitude do Poder Judiciário e sobre a necessidade de se construir espaços de resistência e enfrentamento, como os sindicatos.
Esta é uma matéria parcial. Aguarde a matéria consolidada. Confira também, no Facebook do Sinpro-DF, os vídeos, na íntegra, com a entrevista com o sociólogo e professor Jessé Souza e com a palestra na Mesa intitulada “Conjuntura e os reflexos das políticas do capital global no Brasil e demais países da América Latina”.
Confira, a seguir, os links das matérias produzidas durante o congresso:
 
Fotos: Deva Garcia / Sinpro
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