O Brasil e o mundo vivem momento semelhante ao anterior à Segunda Guerra Mundial

A segunda mesa da tarde desta sexta-feira (17) debateu os impactos do golpe de 2016 e da conjuntura mundial sobre a educação, a diversidade e os direitos humanos no Brasil. Na avaliação da palestrante, Jandyra Uehara, da CUT Nacional, vivemos uma época semelhante à anterior à II Guerra Mundial. “Momento em que houve a ascensão de ideias fascistas e nazistas; uma gravíssima crise econômica que atingiu a classe trabalhadora; a emergência de ideologias de direita; pessoas à deriva no mar; milhões de refugiados tentando escapar da miséria e das guerras; países hegemônicos, no caso, os EUA, separando crianças de seus pais e colocando-as em jaulas. Vivemos um profundo retrocesso nos direitos humanos básicos”, compara.
Ela lembrou que a Declaração Universal dos Direitos Humanos vai completar 70 anos e que foi elaborada, em 1948, nesse contexto de fim da Segunda Guerra Mundial, quando os povos estavam sob a influência dos horrores do fascismo e do nazismo. “Daí a importância de ressaltar que os tempos de hoje guardam semelhanças com o período logo anterior ao da Segunda Guerra.”
Seu parceiro de mesa, Richard Santos, comunicólogo, doutor em ciências sociais e professor do Instituto de Humanidades Artes e Ciências da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), traz uma ideia de solução e vê no modo diferente de fazer educação a saída para tudo isso. Ele mostrou como trabalha, da graduação ao doutorado, a perspectiva da comunicação e da educação em conjunto. Para ele, as duas caminham juntas na construção de uma sociedade livre. “Comunicação e educação dialogam entre si na construção do imaginário. E como o imaginário social é influenciado pelos três pilares: comunicação, educação e família! São ambientes formadores, que, como diz Pierre Bordieu, constroem o habitus”.
Santos falou da importância de se levar textos, profissionais, empoderar professores não brancos, para as salas de aula. “Existe uma lei, a Lei nº 10.639/03, que não é aplicada nas escolas por uma série de ignorâncias e de desrespeito à cidadania e à formação de uma cidadania completa. No Brasil, a gente tem uma história que perpassa todo o processo escravocrata e a gente ainda nem saiu desse momento escravista que o Brasil viveu por mais de 300 anos. E, não ter saído, reflete o tipo de educação que a gente oferece ao ensino básico”.
O professor observou que essa educação subserviente ocorre quando o docente reproduz modos de ensinar importados. “Isso se reproduzem quando trazemos autores e textos estrangeiros e não valorizamos o nacional e, em não valorizando e fazendo essas reproduções, a pessoa não se percebe parte da sociedade. O estudante não vê a sociedade brasileira plural na sala de aula por vários motivos, entre eles, porque não vê essa diversidade representada quando encontra seus professores em qualquer nível de ensino porque há um número muito baixo de professores não brancos e não vê isso refletido no currículo escolar em todos os níveis”, observou.
E deixa o recado: “A gente precisa pensar nessa educação pluriepsitêmica, nessa educação inclusiva para que tenhamos colégios e universidades populares, mas que esse popular seja de eficiência e de alta complexidade”. Confira no site, posteriormente,matéria completa e consolidada.