Conferência e Oficina debatem comunicação sindical com dirigentes e profissionais

Para promover discussões, trocar experiências, organizar uma rede de informações e colher subsídios para sua Política de Comunicação, a CUT Brasília promoveu a Conferência de Comunicação Sindical e da Oficina de Redes Sociais. O evento ocorreu na segunda e terça-feira, dias 23 e 24 de março.
O painel de abertura abordou as políticas de comunicação integrada em entidades sindicais.
A diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Rosilene Correa, destacou que os sindicatos muitas vezes partem de um princípio errado para formular a sua comunicação. “Acabamos falando para nós mesmos, pois cremos que todos entendem o ‘sindicalês’, o que não é verdade. Fazemos uma comunicação ainda muito fechada, restrita ao Sindicato e demandas específicas da base”. Para a diretora, o caminho é unir forças com outras entidades, investir em tecnologia – na velocidade da comunicação – para fazer a disputa na sociedade. “Podemos formular um diálogo com a sociedade, mas com olhar coletivo, a partir de uma ferramenta [Facebook, por exemplo], articulada pelos sindicatos cutistas”, disse.
Sobre isso, Rolilene falou sobre os diversos veículos de comunicação (segmentados) que o Sinpro produz, mas “possuímos experiências com rádios e Tvs comunitárias, instrumentos que devem ser mais bem explorados”. A dirigente enfatizou ainda o projeto Outras Pautas, pelo qual são discutidos temas que vão além da educação, debatendo questões pertinentes à sociedade. “Temos que mexer com os ideais e a paixão das pessoas, daí a efetividade da comunicação”.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, complementou. “Além de termos os meios de comunicação, precisamos saber utilizá-los para envolver a sociedade nas demandas dos trabalhadores”, disse. Araújo explicou os desafios que o sindicato enfrenta para dar sequência à comunicação, como a existência de públicos distintos na base e a quantidade reduzida de recursos para produzir material. “Além disso, há o problema da formação política dos novos profissionais da área, que só têm olhos para o mercado e desconhecem totalmente a realidade dos trabalhadores”. O Sindicato dos Bancários, a exemplo do Sinpro, mantém uma equipe própria de profissionais para dar vazão às demandas.
Provocador, o coordenador de Comunicação da Contraf-CUT, José Luiz Frare, lembrou que a globalização foi difundida pelo mundo através da comunicação, “da linguagem da sedução”, como instrumento estratégico para a implantação dessa nova ordem econômica e social, o ideário neoliberal. “Conseguiram ao longo dos anos hegemonizar a economia nas páginas dos maiores veículos de comunicação. Prova disso é que só há espaço para economistas ou consultores dos grandes bancos darem a sua mensagem. Não há espaço para o sindicato, logo não há confronto de ideias. O nosso governo não teve a coragem de enfrentar essa mídia, como fizeram os países vizinhos”.
Para Frare, nunca o movimento sindical enfrentou uma correlação de forças tão desfavorável como agora. Para o jornalista, “o neoliberalismo fracassou e a prova é a crise de 2008, mas sobrevive politicamente. Continua na mídia, pautando muitas vezes as ações do governo. A estratégia é retirar direitos dos trabalhadores; por outro lado, os trabalhadores estão refratários aos sindicatos e à comunicação sindical”. Frare disse que é preciso investir nessa discussão e que a saída não está na imprensa escrita, em razão dos recursos altos e da infraestrutura elaborada, mas sim na web, usando todas as plataformas possíveis. “Como sugestão, poderíamos criar um meio de comunicação nacional, que abranja todos os assuntos, para além da pauta meramente sindical. Mas a comunicação mais eficiente ainda é o velho trabalho de base, o contato direto entre dirigentes e trabalhadores”, destacou.
Ainda na manhã da segunda-feira (23), a assessora e social media na Câmara dos Deputados, Débora Cruz, abordou o tema “O desenvolvimento das mídias e redes sociais nos movimentos sociais”. Ela destacou que as mídias sociais são uma nova maneira de interagir, mas as disputas são as mesmas, só que mais rápido e diretamente. No caso das plataformas, Débora enfatizou que é preciso fazer a disputa para além do Facebook, “cada vez mais nas mãos dos grandes investidores, do capital. O Facebook é o que é porque as pessoas deram esse poder a ele”. Segundo ela, é necessário investir em outras plataformas, como o YouTube, e transformar os sites institucionais em portais de notícia, para disputar opinião, mostrar credibilidade e conquistar a confiança”.
No mesmo painel, o social media do Sindicato do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Marcos Paulo de Lima, reforçou o posicionamento de direcionar as redes para o site institucional das entidades. Mas ressaltou que não basta postar a notícia, “mas garantir a integração com o trabalhador, fazer o debate para fidelizá-lo a nossa rede”. Com isso, disse Marcos, disputamos com os grandes veículos.