Em defesa da autonomia econômica das mulheres

Garantir a autonomia econômica das mulheres para existir igualdade
 

Enquanto há quem acredite que o machismo é coisa do passado, infelizmente a atualidade apresenta dados alarmantes. Entre esses dados está a desigualdade na distribuição da renda entre os sexos, assunto fundamental para todos e todas que lutam por igualdade e justiça social.

Sabemos que a diferença salarial entre homens e mulheres que cumprem mesma função é da base de 25%, e que o trabalho doméstico e de cuidados (com crianças, idosos, doentes) ainda é desempenhado quase que exclusivamente por elas, o que implica muitos problemas para a vida das trabalhadoras, sintetizadas no que costumamos chamar de dupla jornada de trabalho. É fácil deduzir qual a consequência dessa desigualdade na distribuição da renda, por exemplo, na vida de mulheres em situação de violência: muitas não conseguem deixar a casa onde a violência acontece, por dependência econômica ou por temer perder os filhos.

Por tudo isso, é muito importante lutar pela autonomia econômica das mulheres. O desafio não é simples, mas nós precisamos enfrentá-lo. Vejamos o caso do PL 4330, que “regulamenta” as terceirizações até para atividades-fim (ou seja: permite que absolutamente tudo possa ser terceirizado e que as empresas não precisem manter vínculo algum com os trabalhadores). Tal projeto teve seu texto-base aprovado na Câmara Federal e, contra ele, a CUT e outras centrais sindicais convocam uma paralisação nacional nesta quarta-feira, dia 15.

Por que isso é especialmente ruim para as mulheres? Porque elas são a maioria dos trabalhadores precarizados, sem carteira assinada e/ou sob péssimas condições de trabalho – pessoas a quem a aprovação do PL 4330 mais vai prejudicar. Precisamos avançar para mais formalização, mais direitos e mais inclusão; não podemos aceitar retrocesso.

Por outro lado, a assinatura pela presidenta Dilma da Medida Provisória (MP) que assegura a continuidade da política de valorização do salário mínimo até 2019 tem impacto altamente positivo sobre a vida das mulheres: elas são maioria entre as pessoas que recebem um salário mínimo – valorizá-lo é uma das mais importantes políticas de distribuição de renda. A MP deve ser votada no Congresso Nacional até o fim deste mês, e nós também estaremos atentos(as) a isso.

Igualdade só pode existir com a democratização do acesso à renda e às políticas públicas. Melhorando a vida das mulheres, nós contribuímos para fortalecer nossa democracia como um todo, e para tornar o Brasil, realmente, um país justo.