Violência policial não intimida militantes e caravanas começam chegar a Curitiba

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As bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, atiradas pela Polícia Militar de Beto Richa (PSDB-PR), governador do Paraná, contra os milhares de trabalhadores e trabalhadoras que estavam em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para dar apoio ao ex-presidente Lula, não intimidaram a militância.
“A ação violenta da PM começou no exato momento em que a aeronave que trazia Lula pousou no heliporto da PF. Parecia uma ação planejada para impedir que Lula ouvisse o clamor popular, que soubesse que não estava sozinho, que tinha apoio do povo trabalhador”, afirmou o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, que completou: mas não adiantou nada, mesmo machucados, a maioria permaneceu no local.
E o acampamento montado antes mesmo do ex-presidente chegar a Curitiba na noite deste sábado (7) para a vigília permanente em defesa da democracia e pela liberdade de Lula cresceu mais e já conta com manifestantes vindos dos estados da Bahia, Maranhão, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina, entre outros.
A presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, avisa que ao menos 40 ônibus com caravanas em defesa de Lula livre estão em direção ao local e a concentração aumenta a cada hora. O PT de Minas Gerais, reunido na manhã deste domingo, decidiu organizar 10 ônibus, que sairão amanhã pela manhã rumo a Curitiba.
“A mobilização está bonita. Já temos uma estrutura de barraca. Muitos companheiros aqui do bairro estão ajudando, abrindo a porta das suas casas. Temos água, comida, nada vai faltar para os companheiros e companheiras. É uma vigília permanente, não tem data nem hora pra terminar. Esse pessoal que está aqui hoje já não sai mais daqui e vai ficar por tempo indeterminado”, afirmou.

GIBRAN MENDESGibran Mendes
Acampamento começa a ocupar os arredores da Superintendência da PF, em Curitiba. Moradores são solidários aos acampados em defesa da democracia e Lula livre

As frentes também estão chamando para a próxima quarta-feira (11) um dia Nacional de Mobilização em Defesa de Lula Livre, com articulações internacionais para que atos ocorram também em todas as embaixadas do Brasil no exterior.
Um acampamento nacional em Brasília, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), também está sendo organizado.
“A frustração e tristeza que sentimos agora devem ser convertidas em fonte de energia para lutar pela reconstrução da democracia no Brasil e pela libertação de Lula. Não é hora de desânimo e desespero, é hora de organização e ação”, diz trecho da nota assinada pelas duas frentes.
Em breve, daremos mais informações sobre os locais e detalhes das mobilizações.
Violência em Curitiba
A brutalidade com que a PF de Curitiba tratou os manifestantes que defendem Lula causou perplexidade entre os militantes e lideranças políticas que estavam no local no momento da violência. Entre os feridos estavam três crianças e diversas pessoas tiveram de ser hospitalizadas.

A brutalidade da PF será abordada na coletiva de imprensa que ocorrerá por volta das 15h, no acampamento que abriga os manifestantes da vigília permanente na defesa de Lula. Às 16h30, está prevista uma entrevista coletiva do advogado de Lula, Cristiano Zanin, e da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.
O secretário de Comunicação Nacional da CUT, Roni Barbosa, explica que toda confusão foi iniciada no momento em que o avião de Lula pousou e critica a tentativa do aparato policial do Estado de tentar impedir que Lula, um preso político, pudesse ouvir os gritos de solidariedade do povo em Curitiba.
“Não sei se conseguiram, pois os manifestantes foram guerreiros e continuaram gritando mesmo debaixo de bombas. Eles tentaram montar uma cena para que as emissoras de TV filmassem, mas eles não conhecem a capacidade de resistência do povo que permanecerá na luta e em vigília até que Lula esteja livre”, ressalta Roni.
Diante da grave violência praticada contra pessoas que celebravam, pacificamente, um culto ecumênico e se preparavam para receber Lula nas imediações da sede da PF, o Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia tomou providências.
O Coletivo informou que, após intervenção do setor de Prerrogativas da OAB/PR, o 4º Distrito Policial de Curitiba recebeu a advogada representante do Coletivo, acompanhada do Procurador Geral da OAB/PR, para lavratura de um Boletim de Ocorrência coletivo, incluindo todas as vítimas da violenta ação policial.
Interdito proibitório
Após a decisão da Justiça, que deferiu liminar de interdito proibitório na ação proposta pela Prefeitura de Curitiba para proibir que os manifestantes se mantenham em vigília em frente à Superintendência da Polícia Federal, o Coletivo de Advogadas e Advogados pela Democracia também protocolou habeas corpus coletivo contra decisão.
Com informações da CUT