Vestibulandos ainda têm dúvidas se querem ser professores
Ser ou não ser professor? A dúvida que paira na cabeça de vestibulandos reflete depois no número de matrículas no ensino superior nos cursos de licenciatura. Muitos, na hora de marcar a opção, acabam desistindo. Rodrigo Carvalho, de 18 anos, vive essa realidade. Ele se prepara para fazer o Enem e pensou em seguir os passos da mãe, professora de português. Eles dividem o mesmo gosto pela literatura e pela escrita, mas Rodrigo desistiu do curso de letras ao ver a mãe sempre estressada, dobrando turno para conseguir ter um salário melhor. “Ela voltava para a casa muito desgastada. Durante toda a vida acompanhei o esforço dela, mas é uma profissão sem muito reconhecimento”, disse. Agora, ele decide se vai tentar vaga em jornalismo ou relações públicas, cursos de bacharelado.
Jeane Mendonça, de 19, também mudou de ideia. Aluna do Instituto de Educação, queria fazer educação física, mas optou por ciências contábeis. “Eu praticava vôlei e sempre pensei em seguir essa carreira. Conversei com a minha técnica e ela me explicou que a realidade é muito diferente do que eu imaginava.”
Mas há quem se encoraje para enfrentar o mercado e deixar a vocação falar mais alto. Bruna Souza Rodrigues, de 17, tinha dúvidas se cursava história ou direito. Ouviu críticas, mas decidiu seguir o que chama de “amor pelas descobertas” e vai cursar história. “Meus pais colocaram os prós e contras das duas carreiras, mas na escola todo mundo ficou chocado. Dizem que sou corajosa e até hoje escuto críticas. Acho que o mais importante é gostar do que faz, é o profissional que trilha seu caminho.”
Nem a concorrência pequena, de três candidatos por vaga, em média, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a faz reduzir o ritmo de estudos. “Sei que há preconceito com o professor que dá aula na rede pública, as escolas estão em péssimas condições e o esforço não é recompensado. De maneira geral, é uma profissão desvalorizada, mas melhor que dinheiro é fazer com amor e vontade.”
Estado de Minas