Tem início a 6ª Conferência Distrital de Educação: Democracia e Direitos

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Com um minuto de silêncio, em razão dos ataques sofridos pelos(as) professores(as) mexicanos(as), teve início na manhã desta sexta-feira (24) a 6ª Conferência Distrital de Educação. O evento, que vai até sábado (25), está sendo realizado na Eape (907 Sul).
Na solenidade de abertura, o professor e secretário-geral da CUT Brasília Rodrigo Rodrigues, ressaltou a tentativa de retirar a reflexão em sala de aula com a aplicação da Lei da Mordaça e outros projetos similares que atacam a livre docência. “Temos que fazer este enfrentamento. Democracia e direitos são as nossas bandeiras”, afirmou.
Na palestra “Conjuntura nacional e o enfrentamento da agenda de retrocessos”, a mesa foi composta pelos professores Antônio Lisboa (Conselheiro da OIT, Secretário da CNTE e Secretário da CUT Brasil), Roberto Leão (Presidente da CNTE) e Madalena Guasco (Coordenadora geral da CONTEE), com a mediação dos diretores do Sinpro Luciana Custódio e Fernando Reis.
De acordo com Madalena, os movimentos sociais, indígenas, dos negros e das minorias tiveram protagonismo após 2002. “Após a eleição do Lula, conseguimos valer os princípios democráticos que não estão na Constituição de 1988, que não foram regulamentados na década de 90”.
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Para a professora, neste momento “existe uma crise do capitalismo, aliada ao Parlamento mais reacionário que este país já teve, inclusive com a bancada ‘BBB’ (boi, bala e Bíblia) sendo maioria nas duas Casas Legislativas. O resultado só pode ser um: retrocesso”. Com isso, a direita cresceu silenciosamente e hoje a ideologia é rotulada como “doutrinação” e portanto, deve ser combatida.
O segundo palestrante, o professor Roberto Leão, fez duras críticas ao golpe ao afirmar que “o golpe no Brasil é para desestruturar o Estado Democrático que construímos, com a aliança entre a imprensa e o Judiciário e o capital financeiro internacional”. Para ele, há um movimento organizado e a sociedade não pode permitir que ocorra o que aconteceu em 1964. “O momento é de enfrentamento, de irmos às ruas para defender a escola pública, que prepara para o mundo do trabalho e não para o mercado de trabalho. Estamos lutando contra uma forma fascista de ver o mundo”.
Para o presidente da CNTE, “o governo golpista luta contra o protagonismo dos movimentos sociais, dos negros, indígenas, feministas, LGBTs e de outras minorias”. De acordo com o professor, “a educação brasileira pública está sofrendo um grande risco. Temos que ser guerreiros para defendê-la”.
A respeito da militarização das escolas, que vem ocorrendo em Goiás e em outras partes do país, o professor foi enfático. “Escola militarizada é boa para quem quer ser militar, mas não podemos submeter a sociedade a este processo de militarização, é absurda”.
Encerrando os trabalhos, o professor Antônio Lisboa lista as três principais razões para o golpe, que segundo ele, são a questão geopolítica, a econômica/financeira e ação das elites. “Na geopolítica, os EUA querem retomar a América Latina para o seu quintal e enfraquecer os BRICs. Na questão econômica, o intuito é entregar as riquezas do país para as empresas transnacionais. E as elites – que são vergonhosas, atrasadas, mesquinhas e preconceituosas – não aceitaram ficar 13 anos sem suas benesses e tomaram a posição de derrubar este governo legitimamente eleito”.
Para ele, “o que está em jogo é um golpe de Estado para retirar os nossos direitos. Portanto, é preciso trazer para o nosso dia a dia, para a sala de aula este debate, enquanto ainda é possível fazê-lo”, enfatizou.
Ao final, o professor destacou o avanço da direita e do fascismo, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. “O direito de greve está sendo questionado, no âmbito mundial e os novos tratados comerciais chegam para desregulamentar os serviços prestados pelos países, pois passam a valer as normais trabalhistas destes tratados comerciais e não da nação, o que leva ao desmonte dos serviços públicos. Em breve não existirão mais países, mas sim acordos comerciais”, alertou.
Na tarde desta sexta-feira, a Conferência prossegue com as mesas “Base Nacional Comum Curricular”, “Meritocracia” e “Organizações Sociais”, seguidas de debate e atividade cultural.
(Com André Barreto)
Fotos: Deva Garcia
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