Três escolas públicas brasileiras estão entre os melhores colégios do mundo

O ensino público brasileiro se tornou destaque no noticiário internacional, e por uma razão mais que gratificante: três instituições de ensino públicas do Brasil estão concorrendo ao título de melhores do mundo. A Escola Municipal de Educação Básica Professora Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS); a Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam), no Recife; e a Escola Municipal Evandro Ferreira dos Santos, em Cabrobó (PE), estão entre as 15 finalistas do prêmio World’s Best School, cuja comissão julgadora é formada por especialistas em educação mundialmente conhecidos.

A iniciativa é da instituição britânica T4 Education, em parceria com Fundação Lemann, Fundação Templeton World Charity, Accenture, American Express e Yayasan Hasana. A ação destaca escolas que promovem práticas inovadoras de olho na melhoria da aprendizagem, e o prêmio é composto por cinco categorias: Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Inovação, Superação da Adversidade e Apoio a Vidas Saudáveis. São dez escolas que concorrem em cada uma delas. As vencedoras serão divulgadas durante a Semana Mundial da Educação, em outubro. O prêmio final é de US$ 50 mil para cada unidade escolar.

 

Inovações

A Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães, inaugurada em 1928 e tida como uma das mais antigas do País, destaca-se na categoria Inovação. Ao investir na criação de dispositivos e softwares de computação que dialogam com as principais questões sociais e ambientais que cercam a comunidade, a escola aposta em tecnologia e trabalha com a valorização da responsabilidade social, estratégias importantes para combater e desestimular a evasão.

Entre os projetos desenvolvidos, estão tijolos ecológicos com fibras de coco, um cobertor biológico que ajuda a reduzir a poluição da água dos rios e o software “Cangame”, que apoia alunos(as) autistas nos estudos e na comunicação, já usado em 23 países. Caso ganhe o Prêmio Melhor Escola do Mundo na categoria Inovação, a escola planeja usar o valor para ampliar o projeto “Live Up”, levando a oficina para escolas indígenas e para programas de educação em presídios.

A Escola Professora Adolfina J. M. Diefenthäler está na lista por seu trabalho de Colaboração Comunitária. Por lá, um Comitê de Gestão Democrática, independente da liderança escolar, abre espaço para que pais e alunos(as) possam trazer suas colaborações sobre o que acham que poderia mudar na escola. Assembleias mensais são realizadas nas classes, e ideias e pedidos ficam registrados em documentos validados por essa comissão. Anualmente, a escola realiza uma conferência que envolve todos na instituição para analisar as principais e mais importantes demandas. Qualquer estudante tem o direito de opinar, sugerir ou emendar propostas, o que gera um sentimento de corresponsabilização pelo desenvolvimento da escola.

Se ganhar o Prêmio de Melhor Escola do Mundo pela Colaboração Comunitária, a escola vai consultar a assembleia para entender qual deverá ser o melhor uso dos fundos.

Já a Escola de Ensino Evandro Ferreira, em Cabrobó, no Sertão de Pernambuco, aparece pela Superação da Adversidade. A proposta é melhorar a educação de seus alunos dando o passo inovador de ensinar seus pais. Muitas vezes, quando os documentos oficiais da escola precisavam de uma assinatura dos responsáveis, um carimbo na forma de impressão digital era usado. Os estudantes, com idades entre 11 e 15 anos, não contavam com o apoio dos familiares nas tarefas escolares porque a maioria não sabia ler e escrever. A escola, então, lançou o projeto “Distantes sim, desconectados não! Família e escola projetando sonhos, promovendo a inclusão”, com ênfase na alfabetização de adultos – inicialmente, com foco na participação das mães.

Caso ganhe o Prêmio Melhor Escola do Mundo pela Superação das Adversidades, continuaria investindo na comunidade: com cursos de informática para que as famílias sejam inseridas no universo digital, com projetos voltados ao empreendedorismo e com cursos de interesse das mães, como manicure, cabeleireiro e corte e costura. A premiação ajudaria a escola, ainda, a erradicar o analfabetismo para que as famílias continuem a estudar e motivem seus filhos a seguir na carreira acadêmica.

O diretor do Sinpro, Cláudio Antunes, ressalta que o fato de três escolas públicas estarem entre as 50 melhores do mundo só confirma a qualidade da educação que os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais lutam para disponibilizar à população brasileira. “É gratificante ver que todo esforço e dedicação da nossa categoria tem gerado frutos tão positivos. No Distrito Federal, várias escolas trabalham com projetos semelhantes e isto traz um crescimento pedagógico muito grande aos alunos. Nossa luta por uma educação de qualidade é diária e, apesar de toda tentativa do governo Bolsonaro em retirar recursos e não priorizar a educação do Brasil, os resultados têm aparecido”, finaliza o diretor.